O Reino Unido registou uma inflação de 9,1% em maio, a maior taxa dos últimos 40 anos no país, avançou o Serviço Nacional de Estatísticas britânico (ONS).
Aquele organismo atribuiu o ligeiro aumento face aos nove por cento registados no mês de abril, à subida dos preços dos alimentos, combustíveis e bebidas não alcoólicas.
Grant Fitzner, economista-chefe do ONS, observou, no entanto, que no caso de roupas e jogos de computador houve um ligeiro declínio, o que “ajudou a conter a taxa de inflação até certo ponto”, disse.
O Banco da Inglaterra, que elevou as taxas de juros para 1,25%, previu que a inflação chegue aos 11% até o final deste ano no Reino Unido.
As autoridades britânicas atribuem o aumento do custo de vida, que segundo o ONS já afeta 87% da população do Reino Unido, ao aumento global dos preços dos alimentos e combustíveis, causado pelo duplo impacto da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia.
No passado mês de março, o “think tank” britânico Resolution Foundation alertou que 1,3 milhão de pessoas, incluindo 500.000 crianças, poderiam cair na pobreza absoluta no país.
Já este sábado, Londres foi palco de uma mega manifestação, precisamente contra o aumento do custo de vida no Reino Unido, protesto que foi organizado pelo Congresso da União de Sindicatos (TUC, na sigla anglófona) e que juntou milhares de pessoas nas ruas da capital britânica.
Segundo o TUC, os trabalhadores britânicos perderam quase 20.000 euros desde 2008, devido à falta de acompanhamento dos salários face à inflação.
Boris Johnson, um dos maiores rostos do Brexit, esteve no alvo das manifestações, com o primeiro-ministro a ser bastante criticado por não estar a conseguir contrariar o agravamento da crise.
Recorde-se que o Brexit, a pandemia e a crise económica deixaram a comunidade portuguesa no limbo entre ficar no Reino Unido e regressar a Portugal. O processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), teve “um impacto não só emocional e psicológico sobre a comunidade, mas com exigências concretas que os portugueses tiveram de cumprir”, referiu recentemente a cônsul-geral de Portugal em Londres, Cristina Pucarinho.
Nos últimos anos, os consulados de Portugal passaram a ser um ponto essencial de contacto e apoio da diáspora, estimada em mais de 400 mil pessoas.