A comunidade portuguesa na Suíça, a terceira maior no continente europeu, é também a terceira comunidade estrangeira mais relevante neste país, tendo atingido 260.462 residentes permanentes no final de 2023.
Representa 11,8% dos estrangeiros, 3,1% da população, é apenas precedida pelas comunidades italiana e alemã e está radicada nos 26 cantões do país. Constitui a comunidade mais importante no cantão francófono de Neuchâtel, nos bilingues de Friburgo e Valais (francês/alemão) e de Graubünden (alemão/romanche) e a segunda mais importante nos de Appenzell Interior, Genebra, Jura, Obwalden, Ticino, Vaud e Uri. Nos cantões de Valais e Friburgo chega a representar, respetivamente, 8,5% e 8,1% da população total.
44,5% da comunidade portuguesa é do género feminino, 48,4% tem estado civil de solteiro e 41,9% é casada. 22,8% dos casamentos ocorreu em território suíço, mas só numa muito escassa percentagem (1,7%) tal sucedeu com nacional suíço.
A comunidade portuguesa continua sobretudo concentrada nos setores da construção civil, obras públicas, agricultura, hotelaria e restauração, serviços financeiros, setor farmacêutico, reparação automóvel, distribuição alimentar e limpezas.
Mantendo-se o verificado em anos anteriores, em 2023 o número de novas chegadas à Suíça foi inferior ao das saídas em 678 cidadãos, tendo o acréscimo total de residentes sido fruto do número de nascimentos ocorridos e da reativação de autorizações de residência suspensas.
77% dos portugueses tem residência permanente na Suíça, e está maioritariamente em idade ativa, sendo escassa a comunidade residente com mais de 65 anos de idade (apenas 2,8%).
Desde 1991 que cerca de 54 mil portugueses já obtiveram a nacionalidade suíça, não sendo, contudo, ainda expressiva a participação política ativa na vida local, muito por força das restrições legais decorrentes de legislação vigente que limitam a apenas alguns dos cantões francófonos, o direito de eleger e ser eleito enquanto nacional estrangeiro.
Breves notas da história
Desde pelo menos o século XV que se fez sentir na Suíça a presença diversa de Portugal. O Conde de Ourém, primo do Rei D. Duarte, representou a Coroa no Concílio de Basileia (1436/7); esta cidade e Genebra receberam, respetivamente em 1533 e 1536, a visita de Damião de Góis; no século XVII a Catedral de Genebra passou a acolher os restos mortais de Emília de Nassau e sua filha mais velha Maria Belgia, antes residentes em Prangins junto do lago Léman; a mãe do futuro Duque de Palmela visitou em Genebra, em 1792, o Dr. Tronchin, médico de Voltaire; a Rainha D. Amélia passou temporadas em Ouchy; D. Duarte viajava no verão a Gunten, junto do lago Thun; Eça de Queiroz e Ramalho de Ortigão passaram por Glion; e António Nobre percorreu no final do século XIX, sanatórios na Suíça para recuperar de doença.
Estes traços ocasionais da presença portuguesa, que foram pintalgando a história suíça, foram registados de forma mais sistemática pela estatística suíça apenas a partir da segunda metade do século XIX.
Os primeiros dados conhecidos de residentes portugueses permanentes datam de 1880, quando o recenseamento federal identificou, naquele ano, 26 nacionais residentes no país.
Em 1900, o número de residentes portugueses permanentes era de 74, metade dos quais, singularmente, no cantão dos Grisões, sem expressão significativa maior no país, onde apenas a partir da década de 80 do século XX, a sua presença passou a ser de facto relevante.