Trezentos mil portugueses e lusodescendentes encontra-se a viver em solo venezuelano, numa altura em que Nicolás Maduro e Juan Guaidó disputam o poder, contribuindo para o aumento da crise política e social no país.
Caracas é atualmente uma das cidades mais perigosas do mundo devido à elevada taxa de criminalidade e ao constante perigo iminente de sequestros-relâmpago. É esta a realidade vivida diariamente por Joaquim Martins, que aterrou na capital venezuelana com um amigo, há mais de quatro décadas, fugindo da pobreza extrema e procurando uma vida melhor. Joaquim faz parte do conjunto de 300.000 portugueses e lusodescendentes a viver na Venezuela.
Inicialmente trabalhou na construção civil, depois na restauração e hotelaria, até que decidiu aventurar-se por conta própria, comprar um táxi e transportar dezenas de passageiros mensalmente entre o aeroporto e o centro da cidade de Caracas.
Joaquim conseguiu estabilizar a sua vida e, atualmente, tem duas lojas, um apartamento na capital e ainda uma casa na praia. Conta que «tem muito para abandonar» na Venezuela e que Portugal não irá dar-lhe «nenhuma casa». Ainda assim, o agora comerciante admite que os sequestros e roubos são uma fonte de preocupação constante, aliada à falta de medicamentos e comida, explicando que os seus filhos, que vivem em Espanha, lhe enviam medicação.