Fernando Duarte, residente em Joanesburgo, África do Sul, não gosta muito de aparecer nos jornais e ainda menos nas televisões. Comunicação social não é com ele. Não é defeito, é feitio. E, acima de tudo, uma questão de segurança.
Numa cidade como Joanesburgo, convém. São raras as vezes que recebe jornalistas na sede da Nando´s, uma imensa cadeia de restaurantes, que um dia começou por uma esplanada de frango com piripiri que nem talheres tinha. Hoje, é um dos empresários mais ricos de África. Um multimilionário que não perdeu a simplicidade. E que não esquece as origens. De certa maneira, foram estas a raiz do seu negócio: frango na brasa, peri-peri style.
É possível que passem por ele numa rua de Joanesburgo, uma das cidades mais perigosas do planeta, à paisana entre a multidão, t-shirt e calções, sem relógio ou demais adereços, tendo às costas mochila, que há anos pede reforma. Fernando Duarte tem dinheiro para comprar o que a sua vontade quiser, mas há coisas que não se compram. E uma delas é o cheiro da rua. Tem dois helicópteros, mas é na rua que ele se sente bem. Foi a rua e o cheiro feiticeiro do frango no churrasco que o tornaram num dos homens mais abastados do continente africano. Há quem diga que a sua fortuna não se fica atrás da de Isabel dos Santos, que já teve dias melhores.
Este empresário não é de entrar nessas competições, nem gosta de ostentar o recheio das suas contas bancárias. Por sermos portugueses, teve a gentileza de abrir uma rara exceção. Faz uns tempos, abriu-nos as portas da sede da Nando’s, uma cadeia que atualmente se espalha por toda África, assim como pelo mundo, com o coração da empresa na cidade de Joanesburgo, não muito longe da casa onde viveu Mahatma Gandhi, entre 1908 e 1909.
A Satyagra House, mais vulgarmente conhecida por Gandhi House, é hoje casa-museu, classificada património histórico de Joanesburgo. Informalmente, também a Nando’s faz parte desse património. A Nando’s é das poucas cadeias que na África do Sul consegue competir com gigantes como a McDonald’s.