O aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, está a levar inúmeros pequenos e médios produtores de vinho nacional “à beira da falência”, alerta a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE).
“É urgente e imperioso que o Governo aceite agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um sector que leva longe o nome de Portugal, mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos”, refere o presidente da direção da Associação, Paulo Amorim, numa nota enviada à Revista Comunidades.
A mesma fonte salienta que a situação “é dramática”, revelando que os produtores apenas conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10%, pelo que “a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar”.
“O preço dos combustíveis disparou. O gasóleo agrícola, um produto tão sensível para o agroalimentar, subiu de 0,83 euros para quase 1,80 euros o litro. Não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área”, diz o presidente da direção da ANCEVE.
“Os adubos e outros materiais agrícolas essenciais subiram para mais do dobro. A eletricidade subiu exponencialmente. As caixas de cartão subiram 125%, de 400 euros para mais de 900 o milheiro. As garrafas subiram já quatro vezes este ano, de 0,18 euros em 2021 para 0,27 euros em 2022, 50% de aumento para uma garrafa tipo”, ilustra Amorim.
O facto de todos os fornecedores debitarem agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços, é outro dos problemas apontados, e também a exigência de pagamento contraentrega feita aos pequenos e médios produtores, “não concedendo prazos, como antes acontecia”.
Esta associação diz ainda que continuam a verificar-se enormes problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão.
Por outro lado, a falta de mão-de-obra, numa altura em que se inicia mais uma vindima, agrava a situação, “e a legislação continua a estar desadaptada à realidade, sem qualquer flexibilidade”, acusa a ANCEVE. “Como exemplo, se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica”, salienta esta associação.