Mil tratores montados em Angola foram colocados à disposição dos agricultores no ano passado pela Kaheel – Agricultura Angola, que também instalou oficinas de manutenção com espaços de venda de sobressalentes nas províncias do Huambo, Huíla, Malanje e Luanda.
O diretor de Vendas e Operações, Forogh Ahmad, informou que, se o país registar grande procura este ano, a produção pode ser aumentada para cinco mil tratores.
A fábrica prevê abrir mais espaços de venda de tratores, peças de reposição e oficinas nas demais províncias do país, mas para tal, tenciona contar com a parceria de empresas nacionais, interessadas a investir no ramo.
“Além de montarmos e vendermos tratores, temos planos de fazer parcerias com empresas capazes de instalar oficinas nos lugares onde já há tratores da Kaheel”, avançou. A intenção, segundo Forogh Ahmad, é permitir que agricultores façam a aquisição de tratores e a sua manutenção, sem percorrerem grandes distâncias.
Instalada na Zona Económica Especial, a Kaheel é uma empresa dos Emirados Árabes Unidos com finalidade de participar no desenvolvimento da agricultura em Angola.
Inaugurada em outubro do ano passado pelo Presidente da República, João Lourenço, a Kaheel tem um investimento avaliado em 60 milhões de dólares. Em breve, a fábrica tenciona alargar o investimento para 200 milhões de dólares, para aumentar a produção.
Ao defender que os tratores, montados em Angola, apresentam boa qualidade para o desenvolvimento da atividade agrícola, o diretor de operações sublinhou que a empresa conta com 50 funcionários, dos quais 90 por cento angolanos, que, inicialmente, receberam formação especializada durante três meses. Daqui a um ano, a Kaheel vai duplicar a sua força de trabalho, no sentido de corresponder à demanda que se prevê nos próximos tempos.
“A capacidade de montagem é superior àquela que utilizamos, mas tudo depende do mercado, pois se houver muita procura, vamos, claramente, aumentar a nossa produção”, acrescentou. Não obstante se registar uma retração nas vendas, causada pela COVID-19, Farogh Ahmad acredita que estas vão aumentar substancialmente nos próximos tempos.
A Kaheel está também em Angola com objetivo de contribuir para a segurança alimentar, uma das orientações das Nações Unidas. “Havia necessidade de se investir no ramo dos tratores, porque o país oferece condições boas para fomentar a agricultura”.
Farogh Ahmad anunciou que, dentro de um ano, o grupo empresarial vai instalar uma fábrica de fertilizantes, no sentido de diversificar os investimentos em Angola. “Temos vários investimentos no mundo, mas em Angola estamos ainda a investir na montagem de tratores”, lembrou, sem avançar o valor a ser investido na instalação da fábrica de fertilizantes.
Sem concorrentes na montagem de tratores em Angola, revelou que a fraca produção agrícola tem a ver com a escassez destes equipamentos para a preparação dos campos agrícolas. “Até os pequenos camponeses necessitam deste meio para trabalhar a terra. A sua falta faz com que ainda sejam importados alimentos do campo. O nosso objetivo é aumentar a produção agrícola do país, que, no fundo, vai financiar a economia”, assegurou.
Nesta altura, a Kaheel intensifica as relações com os bancos comerciais para que estes possam financiar também os pequenos camponeses, sobretudo na aquisição de tratores. O BDA – Banco de Desenvolvimento de Angola- está a apoiar os camponeses neste capítulo, segundo Farogh Ahmad.
“Com a entrada dos bancos, a situação vai ficar mais facilitada para os nossos agricultores. Desta forma, vão poder ter mais colheita no final de cada época”, apontou.
Sobre as vantagens dos tratores produzidos pela Kaheel, o diretor de vendas e operações indicou que, além do meio ter um baixo consumo de combustível, a manutenção já é feita em algumas partes do país e com peças de reposição. “O tempo de vida dos nossos tratores depende muito da sua manutenção e do operador, pois se for utilizado dentro dos padrões pode durar 15 anos”, avançou Farogh Ahmad.
