A diretora da ARCOlisboa – Feira Internacional de Arte Contemporânea, Maribel Lopez, afirmou que a sétima edição, com início no dia 23, será “de consolidação” e também de expansão de África para a sua diáspora até outras latitudes, como Brasil.
“Nesta edição é muito importante a consolidação, sobretudo na cena de arte contemporânea portuguesa, mantendo as galerias mais históricas e novas entradas, e o diálogo com a arte contemporânea espanhola”, disse a responsável à agência Lusa no final da apresentação da feira, no Complexo de Ateliers dos Coruchéus, em Lisboa.
A 7.ª edição da ARCOlisboa vai reunir este ano 84 galerias de 15 países, 28 delas portuguesas, na Cordoaria Nacional, entre 23 e 26 de maio, organizada em três áreas: o Programa Geral, formado por 59 galerias, e as secções comissariadas, OPENING Lisboa, com uma seleção de 17 galerias, e “As Formas do Oceano”, composta por oito galerias.
Na secção “As Formas do Oceano”, com as curadoras Paula Nascimento e Igor Simões, serão reunidos projetos centrados nas relações entre África e a diáspora africana e outras latitudes, como o Brasil.
“Pensámos aqui alargar uma visão transcontinental, num diálogo de Portugal para o Brasil, e para África. Essas conexões são muito importantes. Trata-se de uma expansão do conceito, de como pensar, não só o continente África, mas também as suas diásporas, e de como se podem ligar e conectar”, apontou disse à Lusa Maribel Lopez.
Apesar desta secção reunir apenas oito galerias, “há muitos artistas africanos, e as presenças transcontinentais expandem-se pela feira de muitas formas”, nomeadamente no programa cultural, conversas e publicações.
“As Formas do Oceano” acolherá, de Paris, 31 Project, NIL Gallery e Christophe Person, de Casablanca, African Arty, de Lisboa, o Coletivo Amarelo, de Brasília, Karla Osorio, de Arezzo, Itália, LIS10 Gallery, e do Rio de Janeiro, Nonada.
Paula Nascimento, uma das curadoras desta secção, falou na apresentação sobre a “importância de dar uma atenção especial às necessidades das galerias africanas ou afrodiaspóricas que vêm a Portugal, cujo mercado tradicional não as acolhia em grande escala”.
“Há diálogos que podem ser estabelecidos, novos artistas a apresentar, e também aprofundar o que poderão as galerias levar desta edição da feira. Tem sido um processo lento, mas com passos firmes”, vincou a curadora angolana, vencedora de um Leão de Ouro para o pavilhão do seu país na Bienal de Veneza de 2013.
O eixo principal da feira, o Programa Geral, cresce para um total de 59 galerias selecionadas pelo Comité Organizador, incorporando as que participam pela primeira vez como as Charim, adn galeria e a L21, algumas que regressam depois de um intervalo, como é o caso das Ehrhardt Flórez, Piero Atchugarry e Graça Brandão, e outras como as Janh und Jahn e Foco que passam à secção geral depois de terem participado no OPENING Lisboa no ano passado.
Na feira estarão ainda, entre outras, as galerias Bruno Múrias, Cristina Guerra Contemporary Art, Francisco Fino, Madragoa, Salgadeiras, Perve, Kubikgallery, Pedro Cera, Vera Cortês, Filomena Soares, Bruno Múrias, Galeria 111, Monitor, Quadrado Azul, Presença, assim como Carreras Mugica, Helga de Alvear, Mayoral, Leandro Navarro ou Carlier | Gebauer, 193 Gallery, Document.
Questionada pela Lusa sobre as propostas de galerias que a feira recebeu para esta edição e o critério de seleção, Maribel Lopez indicou que a “lógica” do certame é sempre muito clara: “Cada ano começa do zero. Todas as galerias apresentam uma proposta, e cada ano se escolhe. Algumas que podem não querer voltar e outras não são aceites”.
“O comité respeita muito os galeristas e é um trabalho que é feito com muita seriedade”, apontou a responsável, acrescentando que “a seleção é difícil porque as galerias têm de apresentar uma proposta muito detalhada e profissional”, com muitos fatores que levam à decisão final, como a qualidade, o projeto e a fidelidade.
Organizado pela IFEMA – Feiras de Madrid e pela Câmara Municipal de Lisboa, o certame de arte contemporânea terá nesta edição 33% de participação de galerias portuguesas, com mais duas do que na edição anterior, em 2023.
O segmento internacional situa-se nos 67% — 56 galerias —, provenientes sobretudo da Europa, com uma presença significativa de países como Espanha, Alemanha, França e Áustria, segundo a organização.