O aumento do preço da energia fez disparar a taxa de inflação anual da zona euro para os 8,5%. Em Itália, a subida dos preços foi ainda maior, a inflação é de 10,9%. A inflação não prejudica apenas os consumidores. As empresas que consomem muita energia têm dificuldades em pagar as contas.
“Em números reais, temos custos adicionais de 1,3 ou 1,4 milhões de euros. Foi algo imprevisível. Por causa disso, o custo dos nossos produtos aumentou”, disse à euronews Massimo Panagia, diretor de uma fábrica de queijo na periferia de Roma.
O diretor da empresa afirma que a fatura de energia da empresa em 2022 foi três vezes superior à do ano anterior. Embora os investimentos em biogás e painéis solares tenham conseguido reduzir os custos, a situação continua a ser difícil.
O quadro temporário de crise relativo a medidas de auxílio estatal
Na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Comissão Europeia adotou o chamado Quadro temporário de crise relativo a medidas de auxílio estatal que permite aos estados-membros:
- Conceder ajudas limitadas às empresas afetadas pela guerra ou pelas sanções
- Oferecer apoio em termos de liquidez às empresas
- Compensar os elevados preços da energia pagos pelas empresas
Em Itália, mais de 50 mil milhões de euros de auxílios estatais foram aprovados por Bruxelas, incluindo créditos fiscais.
“Tendo em conta a fatura energética, cada empresa podia usar 30% desse montante como crédito para compensar, ao longo dos meses seguintes, o imposto a ser pago ao governo. Este mecanismo infelizmente não funcionou muito bem, no curto prazo, em termos de tesouraria”, explicou Massimo Panagia.
Um sentimento partilhado pelo gerente de uma oficina de reparação automóvel, em Roma, que também beneficiou de um crédito fiscal. “Não houve qualquer tipo de alívio financeiro. Esperávamos pelo menos alguma ajuda económica ou subsídios para ajudar as empresas no final do ano”, queixou-se Mauro Savoia, proprietário de uma oficina de reparação automóvel.
Reduzir a dependência do gás russo e as emissões de CO2
A resposta europeia à crise energética tem três objetivos:
- Reduzir a procura global de energia
- Ajudar a reduzir os custos para os consumidores
- Elaborar planos para reduzir a dependência do gás russo
A concretização do primeiro objetivo foi facilitada por um Inverno relativamente ameno, o que levou a uma redução da procura de energia. Os limites de preços, os impostos sobre os lucros exececionais e as ajudas sociais contribuíram para concretizar o segundo objetivo, de reduzir os custos para os consumidores. Quanto ao terceiro objetivo, foram apresentados planos para construir terminais de transporte de gás e gasodutos, acelerar projetos de energias renováveis e favorecer a eficiência energética. Estas medidas deverão também ajudar a europa a atingir a neutralidade carbónica, até 2050.