O Banco de Portugal tem recorrido a instrumentos financeiros para ganhar com as reservas de ouro do país, mesmo sem vender uma única barra, noticia o ECO. A estratégia já rendeu 109 milhões de euros em quatro anos.
Segundo o ECO, desde 2016 que o banco “tem estado particularmente ativo no mercado de swaps, com bons retornos”, afirmou na segunda-feira o administrador Hélder Rosalino, numa conferência internacional em Lisboa. Prossegue que as operações permitem usar instrumentos financeiros complexos para conseguir rendimentos com o metal precioso, sem vender qualquer barra de ouro.
Nos relatórios de atividades e contas do Banco de Portugal assinala-se que os rendimentos se concentram nos anos de 2018 a 2019, período em que conseguiu um ganho acumulado de 109 milhões de euros. Estes contratos permitem à instituição receber um juro em troca das barras, sem que o ouro chegue a sair do balanço.
O Banco de Portugal tem à sua guarda 382,6 toneladas de ouro, quantidade que se mantém inalterada desde final de 2006. É o 14º país do Mundo com a maior reserva de ouro.
“Cerca de metade das nossas reservas de ouro, que estão localizadas no Banco de Inglaterra, no Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) e no Banco de França estão, atualmente, disponíveis e a ser usadas para investimento, em Londres e Paris”, explicou Hélder Rosalino, novamente citado pelo ECO.
Considera ainda que, no contexto de incerteza criado pela guerra na Ucrânia, a elevada inflação e condições financeiras mais restritivas, “a procura por ouro deverá crescer”. O facto de o ouro ter sido, no passado, uma cobertura eficiente contra a inflação e de ser considerado um ativo seguro são as razões adiantadas para essa procura.
Para os bancos centrais, “o ouro é um ativo muito líquido, que pode ser vendido facilmente em caso de emergência para fazer face a necessidades urgentes de liquidez do governo ou para conduzir operações cambiais”, explicou Hélder Rosalino. “O ouro é o único ativo de reserva sem risco de crédito ou político”, realçou.