Não ter em atenção e na devida conta as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, como elementos centrais e nucleares da nossa ação, retirando-as da agenda política prioritária deste tempo ou não percebendo a sua importância passada, presente e futura, seria um erro de lesa-pátria.
Acrescente-se, por ser verdade, que temos mais de 5 milhões de portugueses e lusodescendentes no Mundo. Somos, assim, um pequeno país com uma gigante diáspora. Sendo o seu número muito significativo em todos os cantos do mundo. Mesmo em terras para lá do fim do mundo, há um português que nos fala em português e que morre de saudades da nossa amada terra.
À facilidade da sua integração nos países de acolhimento, acrescem os factos de não perderem as ligações ao chão e à cultura portuguesas, assim como o de muitos deles terem passado a ter influência, quando não mesmo representação, nas instituições desses países.
É mais do que manifesto o potencial estratégico da nossa Diáspora, com capacidade de iniciativa, podendo contribuir, se clarificados os incentivos e os apoios, para a tão necessária ajuda ao desenvolvimento do país. Contribuindo para o colocar, finalmente, no tão propalado país do pelotão da frente. Mas sempre adiado. É decisivo mobilizá-los, portanto, para além de tudo o mais, mas também, enquanto agentes de desenvolvimento económico, na procura de oportunidades a níveis nacional, regional e local.
Porque este pode ser o momento para testar, ao limite, a disponibilidade para construirmos uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Não bastando falar da integração pela participação que se esgota nos atos eleitorais. A cidadania política pode ter sido, é certo, um importante desbravar de caminho para garantir o vasto leque das restantes dimensões da cidadania que agora se impõem.
As Comunidades constituem igualmente um fator de afirmação externa decisiva. Porque os portugueses no estrangeiro mantêm um elo de afetividade que se manifesta também e muito particularmente pela preservação da nossa cultura secular e da nossa língua, fator decisivo que preserva, garante e exalta a nossa identidade.
E, porque como escreveu Fernando Pessoa no Livro do Desassossego, pondo na boca de Bernardo Soares, um dos seus heterónimos: “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”.
De tudo isto – e mais, falo-vos eu – filho, neto e bisneto de portugueses que se fizeram ao mundo, muitos para nunca mais voltar e que se levantavam na friúra da seis para trabalhar em busca de pão para os seus. E fazer dos filhos, gente melhor e mais preparada, por amor à vida com a princípios, aos valores pátrios e a Portugal.
Este é, portanto, o tempo de dizermos o que pensamos e fazermos o que dizemos: connosco não há portugueses de primeira e de segunda. Nunca mais ninguém pode ficar para trás!