Em tempo de Páscoa, a bola doce é presença obrigatória à mesa dos apreciadores do Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, devido ao seu sabor único e textura diferenciada, o que lhe permitiu ganhar visibilidade fora do seu território.
A bola doce é um dos ícones da doçaria conventual do Planalto Mirandês, confecionada com canela e açúcar às camadas, sendo amassada à mão, cozida num forno tradicional e servida na quadra pascal.
Para confecionar este folar, os ingredientes terão de ser bem selecionados e a massa bem esticada para dar origem a um doce húmido, com camadas muito finas separadas por canela e açúcar.
Segundo a tradição mais antiga, esta bola é confecionada com farinha de trigo, ovos, canela, açúcar, fermento padeiro, manteiga, azeite, e sal. A quantidade de ingredientes depende do peso de cada bola.
A bola doce mirandesa deixou de ser um fenómeno sazonal e assumiu o papel de produto regional que já é vendido durante todo o ano em Lisboa, no Porto e em alguns pontos de França e Espanha.
Segundo o historiador, António Rodrigues Mourinho, a bola doce é uma peça de pastelaria, com origem, pelo menos, em tempos dos descobrimentos portugueses.
“Há registos pelo menos desde 1510 que indicam [esta como] a data mais provável da introdução da bola doce nas mesas dos habitantes do Planalto Mirandês. A tradição foi herdada dos conventos ou de famílias do clero e de gente rica. O povo foi modificando à maneira regional, dando-lhe uma forma e sabor próprio que a distingue da doçaria de outras regiões”, afiançou o investigador.
Dadas as suas características, a autarquia deu início o processo de registo da Bola Doce Mirandesa para que seja considerada um “produto genuíno” da região do Planalto Mirandês.
A bola doce tem mesmo um certame que lhe é dedicado e que termina hoje na cidade de Miranda do Douro, numa organização conjunta do município e de uma associação de produtores.
































