Vários dos empresários, incluindo donos e altos executivos de gigantes brasileiras de diversos setores, já estavam em Pequim ou a caminho da capital chinesa.
Alguns hotéis de luxo na região onde o presidente ficaria já não tinham mais vagas, sendo que os apartamentos foram todos reservados para integrantes da missão brasileira, que contabilizava mais de 200 empresários.
Mais cedo, no desembarque em Pequim, um grupo de executivos do agronegócio mostrava-se esperançoso de que viagem não seria cancelada.
Assim como informou publicamente, o governo brasileiro havia informado os integrantes da missão que Lula viajaria, sim, à China, a despeito da necessidade de adiamento do embarque para este domingo em razão do diagnóstico de pneumonia.
Um dos vários empresários que chegaram nesta sexta-feira a Pequim é Marcos Molina, fundador do frigorífico Marfrig que, depois, assumiu o comando da BRF, uma das maiores companhias brasileiros do agro.
Auxiliares do Planalto também se mostravam confiantes de que Lula embarcaria. Uma pessoa próxima ao presidente disse, horas antes do anúncio do cancelamento da viagem, que Lula parecia bem de saúde e que tudo indicava não haver problemas para o embarque na manhã de domingo.
Uma equipa do governo brasileiro, com funcionários do Itamaraty e da Presidência, também já tinha chegado à capital chinesa para cuidar dos preparativos da visita. Outro grupo de assessores havia sido enviado para Xangai, onde o presidente participaria de um encontro empresarial, na segunda e última etapa da viagem.
O cancelamento da visita de Lula à China foi anunciado na manhã deste sábado (noite de sexta em Pequim) pelo governo brasileiro. Havia grande expectativa em torno da viagem, na medida em que era a maior expedição internacional do presidente desde que ele assumiu seu terceiro mandato, em janeiro.
Pelo menos 20 acordos bilaterais seriam assinados e havia tratados em curso para o anúncio de investimentos bilionários de fundos chineses no Brasil.
No próximo dia 28, Lula iria encontrar-se com o presidente chinês, Xi Jinping, e um dos temas da agenda seria a guerra na Ucrânia. Lula tem dito que o Brasil deseja participar de esforços para a construção de um acordo de paz.
No comunicado em que anunciou o cancelamento da viagem, o governo brasileiro afirmou que a decisão, tomada em razão de orientação médica, já foi comunicada às autoridades chinesas. Disse ainda que Lula pretende remarcar a visita.
Lula tinha agendada visita à China para melhorar laços económicos
A convite do presidente chinês, Xi Jinping, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha previsto uma visita de Estado à China no final deste mês, segundo um anúncio do Ministério das Relações Exteriores da China.
A cooperação econômica seria um tema-chave durante a visita, de acordo com os especialistas, observando que o reforço da cooperação entre os dois lados ajudará a aumentar a confiança da comunidade internacional na recuperação econômica na era pós-pandemia.
A visita ocorreria num momento crítico na era pós-pandémica. A cooperação econômica entre a China e o Brasil seria um dos principais tópicos a serem abordados durante sua visita, disse Pan Deng, diretor executivo do Centro Jurídico da Região da América Latina e Caribe da Universidade de Ciência Política e Direito da China, ao Global Times.
“As comunicações mútuas e o impulso da economia são de grande importância para remodelar e aumentar a confiança na ordem económica internacional como um todo na era pós-pandémica”, disse Pan.
Os especialistas previam que, sob a presidência do veterano político de esquerda, também um velho amigo da China, a cooperação económica e comercial entre a China e o Brasil será mais aprofundada, o que ajudará a aliviar a situação do Brasil de alta inflação e baixo crescimento económico.
Espera-se que a confiança mútua entre a China e o Brasil na cooperação bilateral no âmbito do bloco de mercados emergentes BRICS, bem como na cooperação em economia e comércio, proteção ambiental, economia verde e outros campos, seja elevada a um nível mais alto, segundo os analistas.
“O Brasil é uma grande potência responsável e uma potência em ascensão que compartilha objetivos comuns, uma fase de desenvolvimento semelhante e uma estrutura económica complementar com a China”, disse Pan.
O retorno triunfante de Lula à presidência do Brasil colocou no caminho certo as relações entre a China e o Brasil, que antes tinham sofrido um revés durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Prevê-se que as relações bilaterais entre os dois países saiam fortalecidas, rompendo obstáculos e trilhando um caminho mais brilhante, observou Pan.
O comércio entre a China e o Brasil é particularmente complementar, com o Brasil tendo uma vantagem na produção de produtos agrícolas e a China tendo produtos que atendem às necessidades do Brasil de melhorar os seus meios de subsistência.
A China e o Brasil estão de acordo sobre os grandes benefícios da tecnologia para o desenvolvimento nacional, sendo que haverá muita cooperação entre ambos neste campo, designadamente em aplicações de internet, aviação civil e novas energias.
“A união de esforços entre a China e o Brasil na cooperação tecnológica beneficiará o desenvolvimento da ciência e tecnologia e a subsistência das pessoas em todo o mundo, e fará com que os países em desenvolvimento deem um contributo nesse sentido”, disse o especialista.
O volume de comércio bilateral entre a China e o Brasil em 2022 atingiu cerca de US$ 171,5 bilhões, apresentando um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior, segundo a Alfândega da China.
Os principais produtos que a China importou do Brasil em 2022 incluíram areia de ferro e soja, enquanto os principais produtos que a China exportou para o Brasil consistiram em maquinaria, equipamentos de informática e comunicação, bem como veículos de transporte.