Cabo Verde acolheu, até este sábado, a Conferência Económica Africana 2021. Organizadores ressaltam o foco no financiamento do desenvolvimento regional na era da Covid-19.
Representantes de governos e políticos juntaram-se a investigadores e ao setor privado para abordar como atuar de forma inovadora nesse sentido. O evento, que decorreu em formato híbrido, apresentou dezenas de análises e debates sobre desenvolvimento e “transição justa” pós-pandemia com ação de jovens definindo necessidades e prioridades para África.
O vice-diretor executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, António Pedro, disse à ONU News, de Addis Abeba, que uma transição justa deve considerar a maioria africana composta por jovens.
“A recuperação socioeconómica do continente africano tem necessariamente que passar pela inclusão dos jovens, por forma a que eles sejam uma parte ativa nos processos produtivos para libertar sua capacidade criativa nos vários domínios, especialmente na transição digital onde os jovens são particularmente ativos. Isso obrigará a um diálogo mais consequente, por forma a que nas escolhas políticas sejam integradas as necessidades e prioridades dos jovens definidas pelos jovens. Portanto, eu falo aqui de um processo orgânico de consulta. Um processo de auscultação permanente. Uma flexibilidade na maneira de se governar”.
Para além da importância das tecnologias de informação, António Pedro aponta as questões energética e política como parte do debate que teve as sessões presenciais acontecendo na ilha do Sal.
“Hoje, estamos no que chamamos de network society, portanto, a sociedade de informação, em que os governantes e governados fazem parte do ecossistema cada vez mais interligado, o que sugere necessariamente que as boas políticas são aquelas que passam por esse processo de consulta permanente. Há toda uma transição para uma economia mais verde, onde energias renováveis vão ter um peso cada vez mais importante nas escolhas energéticas dos países, e é preciso que neste processo criarmos espaço para a juventude. Na Conferência Económica Africana em Cabo Verde estes aspetos fazem parte da discussão sobre como fazer uma transição justa”.
O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, disse que a conferência ofereceu “um momento extraordinariamente importante” para se traçar o rumo do desenvolvimento do continente.
O também ministro das Finanças mencionou abordagens que incluem formas de mobilizar recursos internos e criar sistemas fiscais e tributários modernos e eficientes como “aspetos especialmente importantes à luz da pandemia”.
Para Olavo Correia, o atual momento é oportuno para explorar formas de combater a evasão fiscal, a fraude e outras infrações que drenam recursos.
A conferência apoiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento e o Programa da ONU para o Desenvolvimento ficou também marcada pela intervenção do Prémio Nobel da Economia Roger Myerson e peritos africanos.
Outros pontos em discussão incluíram a posição regional no sistema financeiro internacional e a mobilização de recursos públicos e privados domésticos na era da revolução digital.
Prevê-se que a economia da África cresça em média 3,4% este ano, após a pior recessão em 50 anos observada em 2020. O impacto pode ser afetado pelo ritmo lento da vacinação e a incerteza de variantes emergentes como a Ómicron.
A Conferência Económica Africana deste ano apresentou dezenas de análises com ênfase na inovação em favor do desenvolvimento regional.