O 25.º aniversário da Cap Magellan é marcado, este domingo, pelo concerto do grupo Resistência no Bataclan, em Paris.
A associação de jovens lusodescendentes Cap Magellan, que organiza, este fim de semana, a primeira edição dos “Estados Gerais da Lusodescendência”, em Paris, quer “reivindicar outro estatuto” para os portugueses, disse a delegada-geral da associação, Luciana Gouveia.
“Em França, os portugueses continuam a ser esta comunidade tranquila, apagada, que vive um bocadinho da condescendência dos outros e é necessário também começar a reivindicar outro estatuto e o estatuto que merecemos. Quer dizer, somos a primeira nacionalidade estrangeira em França e basta olharmos para os números do ensino do português em França que são ridículos”, explicou Luciana Gouveia à Lusa, adiantando que “há 30 mil pessoas a aprender português e mais de dois milhões a aprender espanhol”.
A dirigente explicativa explicou que um dos objetivos dos “Estados Gerais da Lusodescendência”, que começaram ontem, na Maison du Portugal – André de Gouveia, é lançar “essa picada de provocação” e uma “chamada de atenção para os franceses mas também para os portugueses” para que a presença lusófona seja mais visível em França.
Nesse sentido, o evento apresenta uma rede com uma centena de estruturas associativas ligadas ao ensino da língua portuguesa em França e “convencer esta centena de estruturas presentes a assinar uma carta de compromisso” para acolher campanhas de promoção do ensino da cultura e da língua portuguesas e campanhas de apelo ao recenseamento e de apelo ao voto.
A delegada-geral da Cap Magellan afirmou que os “Estados Gerais da Lusodescendência”, criados no âmbito do 25.º aniversário da associação, também pretendem promover a redação de um questionário sobre o apoio à lusofonia em França dirigido aos candidatos às eleições presidenciais e legislativas francesas e aos deputados portugueses.
“Estamos agora num ano de eleições presidenciais em França, os portugueses não podem votar, mas os franceses de origem portuguesa podem votar e, de qualquer forma, a comunidade portuguesa tem de questionar os candidatos sobre o que farão em relação às temáticas aqui evocadas, à promoção da língua portuguesa e qualquer temática que possa interessar a comunidade portuguesa”, indicou.
Luciana Gouveia acrescentou que este ano deverá ser lançado um estudo sobre os lusodescendentes promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian de Lisboa, “também a partir dos resultados destes Estados Gerais”, e que a Cap Magellan deverá organizar um encontro sobre a emigração em 2018, um ano antes dos próximos “Estados Gerais da Lusodescendência”.
O 25.º aniversário da Cap Magellan é marcado, este domingo, pelo concerto do grupo Resistência no Bataclan, em Paris, a sala de concertos que foi um dos alvos dos atentados da noite de 13 de novembro de 2015, que causaram 130 mortos, 90 dos quais neste local de espetáculos.