Cardeal da Igreja Católica defendeu, durante a sessão de abertura do 13º Encontro de Bispos Lusófonos, na cidade da Praia, a liberalização de vistos entre países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Durante a sessão de abertura do encontro, que reuniu 12 bispos, incluindo três cardeais, Arlindo Furtado apontou que a isenção de vistos já existe, bilateralmente, entre Moçambique e Cabo Verde, manifestando a esperança de que possa ser alargada também a Portugal e ao Brasil.
«Esperemos que a cimeira da CPLP seja uma oportunidade para que, no nosso próximo encontro, onde quer que se realize, seja possível passar a fronteira sem necessidade de ter visto. Para que, como dizem os nossos políticos, a CPLP seja de facto uma comunidade de povos e pessoas», disse Arlindo Furtado.
Este encontro de bispos da comunidade lusófona realizou-se pela segunda vez em Cabo Verde, subordinado ao tema “Os Jovens na Igreja: presença efetiva e transformadora”. No entanto, ainda durante o encontro, Arlindo Furtado referiu a abordagem de outros temas como os grandes desafios que se colocam às igrejas católicas lusófonas.
«Os desafios são muitos. O desenvolvimento, desemprego, desestruturação da família, a desmotivação dos jovens para os valores e a cultura do imediatismo. São diversos desafios que a juventude e a Igreja enfrentam», disse. Arlindo Furtado adiantou ainda que o encontro, a terminar no dia de hoje, 30 de abril, se insere no tema da Assembleia do Sínodo dos Bispos, que se realizará em outubro, no Vaticano, com a abordagem centrada na juventude.
De acordo com o cardeal cabo-verdiano, irá de igual modo existir espaço para uma abordagem das questões sociais de cada um dos países da comunidade lusófona. O arcebispo da Brasília, Sérgio Rocha, considerou em comunicado que o primeiro passo na ligação da Igreja Católica à juventude passa por ouvir os jovens.
«O primeiro passo é levar em consideração não apenas as dificuldades e os desafios, mas sobretudo as sugestões, os valores e a sensibilidade da juventude», disse, destacando os valores sociais, ambientais e a criatividade dos jovens que, considerou, «pode ajudar muito a Igreja a ajudar melhor os jovens, mas também os adultos.»
Neste encontro, que se realiza de dois em dois anos e aconteceu pela última vez no Brasil, participaram além do cardeal e bispo de Santiago e do cardeal e arcebispo de Brasília, o cardeal patriarca de Lisboa, os arcebispos de São Salvador da Baía, Luanda e Maputo e os bispos de Mindelo, Benguela, Bafatá, São Tomé e Príncipe e Bissau.
Esta reunião antecedeu a próxima cimeira entre chefes de Estado da CPLP, fazendo votos para que possam sair contributos para a reflexão dos políticos e decisores.