O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) alertou que a vida dos emigrantes, nomeadamente fora da Europa, “piorou bastante” e que há associações que arriscam nunca mais abrir, deixando incerto o destino do seu património material.
No final da reunião anual do Conselho Permanente do CCP, que se realizou a semana passada, em Lisboa, Flávio Martins disse que a pandemia deixou “sinais difíceis de apagar”.
“O que aconteceu foi um empobrecimento e uma vulnerabilização das comunidades, quer enquanto pessoas individuais, quer enquanto pessoas coletivas”, declarou, acrescentando que algumas associações “sofreram impactos que talvez não sejam superados, nem a curto, nem a médio prazo”.
“O movimento associativo nas comunidades sai muito, muito abalado e há mesmo relatos de associações que tiveram e têm ainda problemas sérios, mesmo em países onde as restrições e os efeitos da pandemia têm diminuído. Há relatos de associações que ainda não estão a funcionar. E aqui coloca-se a questão do património material, decorrente do esforço das comunidades portuguesas ao longo dos anos”, sublinhou.
A pandemia trouxe ainda dificuldades acrescidas ao nível do funcionamento dos postos consulares, que “é algo que sempre precisa de estar acompanhado com maior proximidade e atenção”.
Questões como estas têm sido levadas ao conhecimento do Governo, do Presidente da República e dos deputados pelo CCP, que em 2020 comemorou 40 anos, mas cujo aniversário foi comemorado durante a reunião anual do CP, que decorreu entre segunda-feira e quinta-feira, em Lisboa, com a presença de conselheiros de várias partes do mundo.
Para Flávio Martins, existe “um reconhecimento do CCP, por diversos órgãos da soberania, como o legítimo representante da voz das comunidades”.
“Nós não somos deputados, não somos do Governo nem somos diplomatas, mas somos os que problematizam o que é necessário melhorar na relação com as comunidades, o dia a dia das comunidades. Trazemos também as potencialidades das comunidades”, disse.
Na semana de trabalhos, estiveram em cima da mesa novas questões, mas também assuntos antigos, como a pretensão do CCP sair da tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que não avançou, mas que continua na mira do Conselho, para o qual nada impede que este tipo de temas seja discutido e amadurecido. “Pode não ser agora, mas para o futuro”.
“Nestes 40 anos, o CCP conquistou uma série de avanços em relação às comunidades nos mais variados temas, que também não foram conquistados de momento para o outro. Foram mandatos, anos, talvez até décadas de discussão até que ocorressem. Vamos dar um passo de cada vez e chegar adiante, tenho a certeza”, sublinhou.