Centenas de adeptos das equipas inglesas do Manchester City e do Chelsea fizeram a festa, nesta manhã de sol, nas esplanadas da Ribeira do Porto, com vista para o Douro, entoando cânticos e bebendo cerveja, sempre vigiados pelas autoridades.
Quase todas as mesas das esplanadas da praça da Ribeira estavam hoje, ao final da manhã, cheias com os adeptos das equipas de futebol Chelsea e Manchester City, que no sábado disputam no Porto a final da Liga dos Campeões.
A maioria eram jovens rapazes, que cantavam ora músicas da pop britânica, ora cânticos das equipas e o recheio das mesas era, principalmente, copos de cerveja e uísque, mas também havia clientes a pedir bifes.
Afonso, funcionário de um dos bares da Praça da Ribeira, não tem mãos a medir atrás do balcão. A tarefa é tirar cervejas à pressão do barril para os adeptos ingleses.
“Os adeptos destas equipas já cá vieram no passado e já conhecem os sítios para estar a confraternizar”, conta Afonso, referindo que o que os ingleses mais pedem para beber é “cerveja, uísque com Coca-Cola e cidras”. Para comer, os acepipes mais solicitados são os “hambúrgueres e os bifes”.
Thom, de Manchester, está em tronco nu, reunido numa mesa com os amigos que também estão em troco nu, na praça da Ribeira junto à Fonte do Cubo. Bebem cerveja, riem e apanham sol que lhes vai avermelhando a pele. “Já tenho bilhete para o jogo. Estou a gostar do ambiente de diversão, da Ponte D. Luís e das cervejas”, conta Thom, confiante que quem vai ganhar a final da Liga dos Campeões, no próximo sábado à noite, vai ser “obviamente o [Manchester] City”.
Numa outra mesa, a meia dúzia de metros de distância, Francisco Manuel da Costa, adepto do Chelsea, conta que está no Porto para ver a sua equipa predileta ganhar “contra o City”, tendo adquirido um bilhete por cerca de 80 euros.
Filho de emigrantes portugueses, Francisco Manuel da Costa conta que se sente seguro em Portugal e que prefere vir para o Porto do que ir para Wembley, o estádio nacional de Inglaterra.
“É uma alegria ver a final da Liga dos Campeões no Porto”, conta Francisco Manuel da Costa, recordando que os seus pais são naturais de Braga e que já conhecia a cidade do Porto. Francisco, que regressa na próxima segunda-feira regressa a Inglaterra, está confiante que é o Chelsea que vai ganhar a final da Liga dos Campeões 2021.
Sentado numa mesa à beira rio e de olhos postos no Douro e nas Caves do Vinho do Porto do lado de Vila Nova de Gaia, John, residente em Londres, conta que comprou hoje de manhã um bilhete “muito caro”, por 150 libras (174 euros).
Quando se lhe pergunta quem acha que vai ganhar a final da Champions, diz que muito provavelmente será o Manchester City, mas como adepto do Chelsea, mesmo que percam, assegura que vão voltar à carga no próximo campeonato. “Porto é belo. Já cá vim várias vezes. As pessoas são encantadoras. A comida é boa e o tempo maravilhoso”, disse.
Também entre cervejas e debaixo de um sol forte, Jemma, residente em Manchester e adepta do City, refere que tem bilhete e que está ansiosa para ir ver o jogo de futebol e conta que o que mais está a gostar na cidade é a “atmosfera”, o “clima” e a “cerveja”.
O ambiente de festa sob constante vigilância de agentes da PSP repete-se na Avenida dos Aliados, junto à Câmara Municipal do Porto, com dezenas de fãs do futebol a tirar fotografias e ‘selfies’ junto à taça gigante, que imita a taça que será entregue no sábado à noite ao vencedor da edição 2020/2021 da Liga dos Campeões.
O mesmo cenário acontece na zona da Cordoaria, junto ao Centro Português de Fotografia, com os fãs da Champions a poderem tocar no tamanho real da taça da Liga dos Campeões.
A PSP anunciou em conferência de imprensa, na quinta-feira, que tem preparado uma “robusta operação de segurança” para a final da Liga dos Campeões de futebol.
Não está, contudo, prevista qualquer limitação de circulação dos adeptos que cheguem de Inglaterra.
A UEFA assegurou na quarta-feira que a “esmagadora maioria dos adeptos” dos finalistas da Liga dos Campeões de futebol vai cumprir, no Porto, as restrições impostas para a contenção do novo coronavírus.
A ministra de ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, disse no dia 13, após uma reunião do Conselho de Ministros, que as pessoas que se deslocarem “à final da Liga dos Campeões virão e regressarão no mesmo dia, com teste feito, em situação de ‘bolha'”. Ou seja, clarificou, “em voos charter, com deslocações para uma zona de espera”.
“Daí, irão para o estádio e, depois, para o aeroporto, estando em território nacional menos de 24 horas, numa permanência em ‘bolha’ e com testes obrigatórios, feitos, em princípio, antes de entrarem no avião”, disse.
Na quinta-feira, a ministra admitiu “a existência de mais pessoas a chegar ao Porto por outras vias” para além dos que se deslocam em voos charter, e “porque podem fazê-lo, em turismo, necessitará de um acompanhamento mais significativo” por parte das forças de segurança.
O Porto foi escolhido para substituir Istambul, no seguimento das dificuldades intransponíveis de viagens dos adeptos ingleses, tendo em conta que a Turquia integra a ‘lista vermelha’ do Reino Unido, referiu a UEFA para justificar a alteração do ‘palco’ da final da ‘Champions’, motivada pelos condicionalismos inerentes à pandemia de covid-19.
Liga dos Campeões: Adeptos ingleses chegam ao Porto sem “bolha de segurança”
Quando foi anunciado que a final da Liga dos Campeões seria no Porto, o Governo português assegurou que os adeptos ingleses apenas viajariam para Portugal no dia do jogo e numa bolha de segurança, mas não foi o que aconteceu… Há dias que adeptos do Chelsea e do Manchester City passeiam pela cidade, a maioria sem máscaras.
“Chegámos na quarta-feira, de manhã cedo. Comprámos cervejas. Fomos diretos para o pub. Estamos prontos para o jogo”, conta Shane Saunders, adepto do Chelsea.
“Estamos aqui há quase uma semana. Muito bom!”, diz o adepto do Manchester City John Sapseid, que está no Porto com a mulher.
Os portuenses parecem divididos quanto à presença dos adeptos britânicos durante a pandemia.
“Parece-me que o Governo está a ser muito manso com os britânicos, porque eles não têm cuidado nenhum”, afirma Sissa Reis, que se mostra preocupada com o facto de “não virem de máscaras, não desinfetarem as mãos, de trazerem a doença, a Covid”.
José Pinto considera que a chegada dos adeptos britânicos é boa para a cidade. “Gosto de os ver chegar e de os ver partir desde que lhes deem a segurança indispensável para que eles andem de máscara, para que eles sejam controlados no aeroporto. Podem vir à vontade!”, sublinha.
A maior parte dos adeptos ingleses que encontrámos nas ruas do Porto não tinha bilhetes para a final. É o caso de Vivian Sapseid, adepta do Manchester City, que ainda não sabe onde vai ver o jogo: “Provavelmente num bar ou na fan zone”.
“Há duas semanas, as autoridades portuguesas foram incapazes de prevenir a concentração de milhares de adeptos do Sporting, que festejavam a vitória no campeonato, nas ruas de Lisboa. Agora, a capital portuguesa debate-se com um aumento do número de infeções. Os habitantes do Porto esperam que a história não se repita nesta final da Liga dos Campeões”, conclui a correspondente da Euronews em Portugal, Filipa Soares.