A passada terça-feira (20) marcou Guyu (chuva de grãos em chinês) que é o sexto dos 24 termos solares criados pelos antigos chineses para realizar atividades agrícolas.
As pessoas prestaram homenagem a Cangjie porque, segundo a lenda, ele criou caracteres chineses no dia de Guyu, há milhares de anos atrás.
Cangjie é uma figura lendária na China antiga (2650 aC), alegado ser um historiador oficial do Imperador Amarelo e o inventor dos caracteres chineses. Diz a lenda que tinha quatro olhos, e quando inventou os personagens, as divindades e fantasmas, choraram e o céu choveu painço. É considerado uma figura lendária e não histórica, ou pelo menos, não é considerado o único inventor dos caracteres chineses.
Existem várias versões da lenda. Diz-se que pouco depois de unificar a China, o Imperador Amarelo, insatisfeito com seu método de “amarrar nós de corda” para registar informações, encarregou Cangjie da tarefa de criar personagens para escrever. Cangjie foi viver para a margem de um rio e dedicou-se à tarefa em questão.
Um dia, Cangjie viu uma fênix voando no céu, carregando um objeto no seu bico. O objeto caiu no chão bem na frente de Cangjie, e ele viu que era a impressão de uma pegada.
Não conseguindo reconhecer a qual animal pertencia a impressão, pediu a ajuda de um caçador local que passava na estrada. O caçador disse que esta era, sem dúvida, a pegada de um Pixiu, sendo diferente da pegada de qualquer outro animal que estava vivo. A conversa com o caçador inspirou Cangjie levando-o a acreditar que se ele pudesse capturar num desenho as características especiais que distinguem cada coisa na terra, este seria realmente o tipo perfeito de personagem para escrever.
Daquele dia em diante, Cangjie prestou muita atenção às características de todas as coisas, incluindo o sol, a lua, as estrelas, as nuvens, os lagos, os oceanos, bem como todos os tipos de pássaros e animais.
Começou a criar personagens de acordo com as características especiais que encontrou e, em pouco tempo, compilou uma longa lista de personagens para escrever.
Para a alegria do Imperador Amarelo, Cangjie presenteou-o com o conjunto completo de personagens. O imperador, então, convocou os primeiros-ministros de cada uma das nove províncias para que Cangjie lhes ensinasse esse novo sistema de escrita.
Monumentos e templos foram erguidos em homenagem a Cangjie na margem do rio onde ele criou esses personagens.
Outra versão da lenda conta que Cangjie se inspirou ao observar a rede de veias de uma tartaruga. Esta versão é particularmente interessante em relação à arqueologia porque os cascos de tartaruga são um dos meios de comunicação mais comuns em que as primeiras inscrições chinesas conhecidas são encontradas, incluindo os símbolos de Jiahu.