A bióloga portuguesa Ana Sofia Reboleira descobriu em Timor-Leste uma nova espécie de animal cavernícola, um aracnídeo que existe apenas em grutas da ilha e é descrito num artigo publicado na revista científica Zookeys.
A nova espécie descoberta por Ana Sofia Reboleira tem o nome científico “Sarax timorensis” refletindo o facto de ser «uma espécie exclusiva de Timor», sendo também a primeira vez que uma descoberta do género é feita em timor-Leste explicou a bióloga à agência Lusa.
Trata-se de um aracnídeo da ordem dos amblipígios, que são animais tipicamente tropicais e subtropicais, predadores que capturam as suas presas com poderosas quelíceras (apêndices típicos dos aracnídeos que formam um par de pinças), mas que ao contrário das aranhas não possuem veneno.
O animal, descoberto numa gruta situada na província de Lautém, no leste de Timor-Leste, é «a maior espécie do seu género e tem os olhos e pigmentação reduzidos, uma consequência evolutiva de adaptação à vida nas cavernas», disse a investigadora.
A “Sarax timorensis” foi descoberta pela cientista durante a primeira expedição espeleológica portuguesa do projeto “Fatuk-kuak hosi Timor-Lorosa’e” a grutas de Timor-Leste em 2016, na qual coordenou os primeiros trabalhos de prospeção biológica em grutas da ilha.
A expedição, organizada por quatro grupos de espeleologia portugueses (entre os quais o Núcleo de Espeleologia da Universidade de Aveiro ao qual a bióloga pertence), durou um mês, ao longo do qual os espeleólogos portugueses deram formação – na Universidade Nacional de Timor Lorosa’e e em escolas de referência de várias zonas do país – sobre o meio subterrâneo e a importância das grutas no abastecimento local de água.
Com o apoio da Fundação Oriente e da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e, a expedição contou também com a participação do grupo de espeleólogos timorenses Juventude Hadomi Natureza.
Ana Sofia Reboleira é professora no Museu de História Natural da Universidade de Copenhaga, onde coordena um laboratório dedicado ao estudo dos ecossistemas subterrâneos à escala global.
Com esta “achado” aumentam para 59 as novas espécies, e seis novos géneros, para a ciência descobertos por Ana Sofia Reboleira.