A Tupperware Brands, que marcou toda uma geração, acionou o Capítulo 11 no Tribunal de Falências. O que a levou a pedir insolvência? E como fica a fábrica em Portugal?
A Tupperware Brands – a marca que se tornou tão popular em Portugal que deu nome a todos os recipientes de plástico de armazenamento de comida: taparuere – declarou falência no início desta semana. Mas se é tão popular, porque iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências?
As receitas da Tupperware derraparam nos últimos anos, à medida que a empresa dos taparueres coloridos tinha cada vez mais dificuldades em colocar os seus produtos em lojas de retalho e nas plataformas de venda “online”.
“Quase toda a gente sabe o que é a Tupperware, mas quase ninguém sabe onde a encontrar”, escreveu Brian Fox, diretor de reestruturação da empresa norte-americana, num processo judicial ao Tribunal de Falências dos Estados Unidos de Delaware.
Além disso, o aumento da concorrência e a diminuição da procura dos seus produtos também afetaram a atividade da empresa nos últimos anos, que se debatia com problemas de liquidez.
A Tupperware, que já somava uma dívida de 812 milhões de dólares (727,9 milhões de euros), já tinha levantado dúvidas no mês passado sobre a capacidade de se manter em atividade, tendo assinalado várias vezes que havia risco de falência.
E na terça-feira consumou a intenção, iniciando voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências no tribunal de de Delaware – o Capítulo 11 da Lei de Falências norte-americana é um mecanismo usado para suspender o pagamento de dívidas e permitir que a empresa proponha um plano de reestruturação, mantendo-se, ainda assim, operacional.
Preocupação domina fábrica do grupo em Portugal
O que vai acontecer a seguir, ninguém sabe. E a incerteza também já se alastrou à fábrica que a empresa tem em Portugal, em Constância, no distrito de Santarém.
“Angústia, ansiedade, incerteza e preocupação. É aquilo que nós vivemos atualmente, fundamentalmente pelas pessoas que têm ali o posto de trabalho, precisam daquele trabalho para viver”, afirmou à Lusa Sérgio Oliveira, presidente de Constância. O autarca acrescentou que solicitou esclarecimentos à empresa e pediu que o ministro da Economia interviesse, pedidos que ainda estão a “aguardar resposta”.
A fábrica da Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 em Montalvo, Constância, depende a 100% da casa-mãe norte-americana e com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a poder ter consequências na unidade portuguesa, hoje com cerca de 200 trabalhadores efetivos.
