Os emigrantes que viveram décadas no Norte da Europa, quando regressam, trazem os hábitos e valores aí adquiridos e, muitos estrangeiros, quase ou já reformados, que já estiveram em Portugal, acabam por adquirir cá a 1ª e até uma 2ª habitação. Vêm porque apreciam o clima, a segurança, a gastronomia, os vinhos, a simpatia e porque a maioria dos portugueses fala inglês. O que não acontece em Espanha, ou na Grécia.
São muitos os estrangeiros que se estabelecem em diversas localidades em Portugal, formam grupos ativos, unidos pela mesma língua. E é comum promoverem atividades, nessas comunidades, através das redes sociais e também em almoços ou cafés-convívio.
Muitos desenvolvem ações de apoio junto de ONG´s, de entidades sociais, no seu concelho, envolvendo-se geralmente em ações de recolha de roupa, alimentos, até material de construção, para distribuir nessas organizações. Nalgumas aldeias formam comunidades (um pouco ao estilo da coletividade comunitaria isrealita de kitutz), hortas comunitárias, permacultura, centros desportivos. Com tijolos e mão de obra local constroem casas, com materiais e técnicas inovadoras. Em oficinas e espaços públicos partilham destrezas com a população das aldeias vizinhas, e não só. Trazem ferramentas novas, compósitos, nanocarbono. Ensinam as melhores práticas desde a agrotech à cybersecurity. Insistem no trabalho fixo na aldeia, mas a venda é lá para a Europa. E quando visitam a sua prole, abrem-se novos horizontes, para o estágio ou exportação de cá.
Temos PME´s, diretores de empresas, experts em teletrabalho que começam a delegar nos filhos o dia-dia da empresa, com uma 2ª habitação cá. Antes renovavam a casa dos avós, agora querem a proximidade de pessoas com a mesma visão. Já têm o que precisam. Querem qualidade de vida, SER e não TER.
Uma recente investigação mostrou que estes grupos gastam, por família, cerca de 250mil euros na construção de casa própria, 2.500 euros por mês em alimentação, em serviços como uber, limpeza, jardinagem, atividades desportivas, massagem, fisioterapia, etc. Travam a especulação imobiliária e mediadores. É comum ver estes grupos ensinarem piano às crianças, guitarra a jovens, apoiar produtores de bioalimentos locais, artesanato, artes e ofícios que são depois vendidos lá fora. Querem partilhar com as comunidades as destrezas que lhes trouxeram sucesso.
Mas… não é fácil adquirir terras abandonadas e dar ao interior de Portugal a inovação necessária para exportação. Todos ganharão se se modernizar a lei de ordenamento do território.