Já não é possível usar autotestes para embarcar em voos do Reino Unido.
Dezenas de portugueses já foram impedidos de embarcar em voos do Reino Unido para passar o Natal em Portugal devido à “falta de clareza” das regras dos testes à covid-19 e aplicação rigorosa das companhias aéreas, queixaram-se alguns dos afetados.
Desde 1 de dezembro, quanto foi declarada situação de calamidade, que todos os passageiros que cheguem a Portugal por via área são obrigados a apresentar teste negativo à covid-19 ou certificado de recuperação no desembarque, independentemente de estarem vacinados.
No entanto, as regras não deixam claro que deixaram de ser aceites os autotestes antigénio, mais baratos por isso usados mais amplamente pelos viajantes, e que passou a ser exigida a “realização laboratorial de teste”.
Sara Novais foi uma das pessoas apanhada de surpresa e impedida de viajar hoje na Ryanair num voo de Londres para o Porto.
Ao ver relatos nas redes sociais de que os autotestes antigénio não estavam a ser aceites, decidiu fazer um segundo teste numa clínica “por precaução”, mas este também foi rejeitado, contou.
O argumento usado foi que o certificado mencionava a marca “Flowflex”, a qual a funcionária da transportadora lhe disse que não era “suficientemente forte”, impedindo-a de embarcar.
“Isto foi o que a Ryanair me disse. Onde está a informação sobre isso? Enquanto a funcionária que me estava a atender foi falar com o responsável para ter a certeza, mostrei à funcionária do lado e esta disse-me que não via nada de mal no teste, por isso se tivesse sido atendida por ela teria conseguido”, lamentou.
“Flowflex” é também a marca usada pelos autotestes gratuitos do sistema de saúde público britânico (NHS), as quais não são válidas para viagens internacionais.
A solução, disse Novais, foi pagar 100 libras (118 euros) pela alteração do voo para mais tarde, pagar 35 libras (41 euros) por um novo teste no aeroporto e esperar seis horas, tal como fez Daniel Stephen, que pretendia embarcar para Lisboa.
“A companhia não aceitou o teste que eu fiz numa clínica. Pelo menos 20 pessoas daquele voo não puderam embarcar por causa de problemas com os testes”, afirmou este português.
As dúvidas sobre o tipo de testes necessários multiplicaram-se nos últimos dias nas redes sociais entre grupos de portugueses, com relatos de pessoas impedidas de viajar ou multadas à chegada a Portugal.
Outras garantem que viajaram com certificados de autotestes de antigénio e que não tiveram qualquer problema.
Esta modalidade tornou-se popular porque custa, em média, metade do preço dos testes PCR e é mais conveniente: a pessoa faz o teste em casa e fotografa o resultado juntamente com o passaporte, recebendo em algumas horas o certificado por email.
Pedro Costa tem feito desta forma nos últimos meses nas viagens mensais a Portugal, onde está a família, mas desta vez também foi surpreendido com os alertas das redes sociais.
“Consultei o ‘site’ do Governo britânico e está lá que os autotestes não são aceites. Eu compreendo que possam levantar dúvidas e não fiquei chateado. Mas paguei mais pelos testes do que pelo bilhete”, comentou.
Costa lamenta a “falta de clareza” na informação das autoridades portuguesas, a qual “não se sabe muito bem onde se pode encontrar”, estando dispersa nos ‘sites’ do Turismo de Portugal e do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
O Governo britânico atualizou duas vezes esta semana as condições de entrada em Portugal, passando a explicitar no seu ‘site’ de informação aos viajantes que “todos os testes devem ser realizados por profissionais de saúde treinados” e que “testes autoadministrados não são aceites”.
A situação de impedimento ao embarque é reconhecida pelas várias companhias aéreas, embora tenham rejeitado comentar à agência Lusa, remetendo a responsabilidade para as autoridades portuguesas.
A Easyjet tem estado a alertar proativamente os seus passageiros, enviando mensagens eletrónicas SMS para avisar que “autotestes não são aceites”.