Os números oficiais do Instituto Nacional de Estatísticas do Luxemburgo (STATEC) e da comuna da cidade do Luxemburgo indicam que em 2020 houve menos imigrantes portugueses a deixar o país do que em 2019, mas Alice Santos, dos serviços sociais do Centro de Apoio Social e Associativo (CASA) garante que as estatísticas estão subvalorizadas.
“A realidade é que desde o ano passado há mais portugueses a regressar a Portugal, imigrantes que por causa da pandemia perderam os seus empregos fixos e deixaram de ter aqui uma vida decente, não conseguindo agora comportar as despesas. Não estão a conseguir sobreviver aqui”, frisa.
Luísa Alberto e Filipe S. são dois dos casos que Alice Santos ajudou a tratar do subsídio de desemprego a que tinham direito, podendo assim voltar para Portugal “e continuar a receber aí por mais três meses esse subsídio”. Este apoio pode ser ainda renovado por outros três meses ou até um ano, dependendo dos anos de descontos feitos e da idade do trabalhador emigrante.
Segundo os números oficiais do STATEC em 2020, ano da pandemia, deixaram o Luxemburgo 2.661 portugueses, menos 119 do que em 2019 (2.770). Em 2018 tinham regressado 2.492 portugueses. Entre a comunidade portuguesa residente na comuna do Luxemburgo, “em 2020 regressaram a Portugal 165 portugueses, contra os 178 de 2019 e os 161 de 2018”, de acordo com as estatísticas.
“A crise pandémica atirou para o desemprego muitos portugueses, que ficaram sem dinheiro e vivem de trabalhos precários, incertos e de salário curto, o que não lhes chega para pagar sequer um quarto e alimentar-se, ou alimentar a família. Vivem de ajudas.
Muitos estão a regressar, sobretudo os trabalhadores sozinhos. Em Portugal estão junto da família que sempre os apoia até encontrarem emprego”, explica Alice Santos para quem estes casos “não constam ainda nas estatísticas”. Aqueles que estiveram em situação legal no Luxemburgo podem continuar a receber em Portugal o seu subsídio de desemprego de lá. Pelo menos durante três meses. “Há outras famílias que continuam a voltar de vez para a terra natal como nos anos anteriores e esta decisão nada tem a ver com a covid”.