A terceira fase do atual processo de desconfinamento tem início às 00:00 de 01 de outubro, sexta-feira, altura em que os espaços de diversão noturna podem voltar a abrir portas com a apresentação, pelos clientes, do certificado digital de vacinação contra a covid-19 ou teste negativo.
Este foi o único setor de atividade que esteve sempre fechado desde o início da pandemia, em março de 2020.
José Gouveia, da Associação Discotecas Nacional (ADN), explicou por seu turno à Lusa ter conhecimento que só um espaço de dança irá abrir de 30 de setembro para 01 de outubro, dois ou três na noite de sexta-feira para sábado e no fim de semana e, entre 07, 08 e 09 de outubro, abrem mais um ou dois.
“É grave até porque sabemos que a situação das discotecas já não era saudável antes da pandemia, foi a estocada final, o Estado nunca olhou para isso”, disse o responsável.
Apesar de não ter dados exatos sobre o número de discotecas existentes em Lisboa, por não haver um CAE (Classificação da Atividade Económica para as finanças) específico, José Gouveia justificou que parte daqueles espaços que não vão abrir tem a ver com a falta de apoios estatais.
“Havia uma necessidade, por via de ausência de apoios por parte do Estado, de as empresas abrirem, caso contrário, iriam fechar e esses apoios ainda não chegaram, essa é a grande preocupação: se hoje estamos a dois dias da abertura e há espaços que não vão abrir é porque não estão devidamente apoiados pelo Estado e não têm dinheiro para abrir as suas portas”, alertou.
José Gouveia lembrou que as discotecas que abrirem entre dia 07 e 08 abrem exatamente quando “se comemoram 19 meses de porta fechada, uma comemoração infeliz”, frisando que durante esse percurso houve “muitas baixas” e que não foi fácil estar fechado “sem receitas e com custos associados” de ‘lay-off’ ou de rendas, por exemplo.
José Gouveia mostrou-se ainda cauteloso quanto à reabertura das discotecas, lembrando que a “noite será uma incógnita”, mas ao mesmo tempo, lembrou que estes espaços de diversão noturna “controlavam a noite”.
“Com as discotecas abertas, esse controlo dos jovens será feito e as imagens que tivemos oportunidade de ver em Santos e na rua de São Paulo não se vão repetir”, disse, aludindo às enchentes de há cerca de duas semanas naquelas zonas de Lisboa.
“Não sabemos a noite que vamos ter, qual é o estado de espírito, de alma que os utentes da noite têm. Que níveis de confiança têm, será que entram numa discoteca e se sentem bem, estão à vontade, não têm nenhum sentimento claustrofóbico ou hipocondríaco. Temos de perceber”, alertou.
Nesse sentido, José Gouveia referiu ter prevenido os operadores desta indústria que “façam as coisas com calma”, que não encham os espaços “até não caber mais ninguém, apesar de não haver limitação delineada”.
“Temos de ser conscientes, as pessoas precisam de um tempo para recuperar a sua confiança”, frisou.