A relação entre o Manchester United e Cristiano Ronaldo tornou-se insustentável e terminou “por mútuo acordo” na terça-feira, enquanto os proprietários dos Red Devils, a família Glazer, dizem estar agora prontos para vender um clube que não tem condições para chegar ao topo do futebol inglês.
O duplo anúncio foi o culminar de várias semanas de tumulto, tanto em campo, onde a relação entre o clube e o jogador português de 37 anos tinha chegado a um ponto sem retorno, como nos bastidores, onde a impopularidade dos Glazers, que têm controlado o Manchester United desde 2005, tem vindo a aumentar com fracasso após fracasso.
Mesmo o regresso de Ronaldo no verão de 2021 ao clube onde rebentou pela primeira vez na cena mundial entre 2003 e 2009 não conseguiu quebrar a incapacidade do Manchester United para contratar jogadores, tal como Manchester City, Liverpool ou Chelsea.
O último título da Premier League dos Red Devils foi conquistado em 2013, no final da última época de Alex Ferguson. Desde a partida do lendário diretor-geral de Old Trafford, cinco treinadores diferentes tomaram posse em nove anos.
“A direção considerará todas as alternativas estratégicas, incluindo um novo investimento no clube, uma venda ou outras transações que envolvam a empresa”, disse o clube num comunicado.
Algumas horas antes, com o Mundial do Qatar em pleno andamento, o divórcio latente entre o Manchester United e o Ronaldo foi oficializado. “É bom que o clube tenha conseguido tirar o melhor partido de Ronaldo”, lia-se num comunicado do clube, agradecendo-lhe “a sua imensa contribuição durante as duas passagens por Old Trafford”.
Ronaldo, vencedor da Bola de Ouro por cinco vezes que iniciará o Campeonato do Mundo com Portugal na quinta-feira contra o Gana, disse que “chegou o momento de procurar um novo desafio”.
O resultado era quase certo desde a entrevista do jogador com o jornalista Piers Morgan na semana passada, na qual Cristiano criticava os diretores do United. “Os Glazers não se importam com o clube… ou com o desporto profissional. Como sabem, Manchester é um clube de marketing”, disse o português, confessando sentir-se “traído” pelo clube e pelo treinador Erik Ten Hag.
O Mundial como montra
É difícil acreditar que algo mais aconteça até ao início do mercado de transferências de inverno, a 1 de janeiro. Ronaldo, que agora é livre de jogar onde quiser, diz que quer jogar até aos 40 anos e o seu nível elevado pode ainda interessar a alguns clubes.
Ronaldo garante que entrevista não vai influenciar Portugal “blindado”
O Sporting continua a ser um destino atrativo, para “fechar o ciclo”. O Chelsea é outras das possibilidades, podendo os novos proprietários norte-americanos ser seduzidos pela atratividade financeira e de ‘marketing’. A terceira opção seria a MLS, a principal liga norte-americana, onde o Inter Miami de Beckham gostaria de juntar Ronaldo e Messi.
Resta saber se o anúncio da saída do United irá afetar a sua performance no Mundial. “Estou numa forma fantástica”, disse Cristiano na conferência de imprensa de segunda-feira, acrescentando que o episódio da sua entrevista pode “abanar um jogador, mas não a equipa”.