São 80.896 os cidadãos brasileiros em Portugal que podem votar nas eleições do país sul-americano, cuja primeira volta está agendada para 2 de outubro. Este número duplicou deste o último ato eleitoral. São 11 os candidatos à Presidência do Brasil, com o atual líder, Jair Bolsonaro, a procurar a reeleição e o regresso de Lula da Silva, 11 anos depois.
Segundo os dados do cônsul-geral do Brasil, estão registados 45.273 brasileiros no Consulado de Lisboa, 30.098 no Consulado do Porto e 5.525 no de Faro. No entanto, só poderão votar para Presidente e vice, não o podendo fazer para outros cargos. Em 2018, havia cerca de 40 mil eleitores brasileiros registados.
Em declarações à CNN, Samara Azevedo, da Casa do Brasil de Lisboa, admite ter havido “uma grande vaga de imigração”, mas acredita que “as campanhas de mobilização para os cidadãos transferirem o cartão de eleitor para o exterior ajudou a este aumento”.
Esta duplicação de eleitores brasileiros em Portugal já levou a medidas para as eleições de 2 de outubro. O consulado de Lisboa, onde estão inscritos mais de metade dos cidadãos, vai acrescentar 30 mesas de voto, bem como vai reforçar a segurança para o período da votação.
Não é certo que todos os brasileiros registados votem. No entanto, e sendo o voto obrigatório no Brasil, os cidadãos que vivem em Portugal têm de fazer uma justificação. Para tal, precisam de o fazer online através do portal Sistema Justifica. Esta justificação só é válida para cada volta das eleições.
Nas últimas eleições, em 2018, a abstenção foi elevada entre os brasileiros em Portugal. Na primeira volta votaram 10.616 e na segunda 12.564, resultando numa abstenção de quase 70%.
Samara Azevedo acredita que “haverá maior mobilização para o voto a 2 de outubro” e que o facto de os brasileiros estarem fora não os demove. “Temos os nossos familiares e amigos no Brasil e queremos exercer o nosso direito de voto”.
Escolher entre 11 candidatos
São 11 os candidatos à Presidência do Brasil, com o atual líder, Jair Bolsonaro, a procurar a reeleição e o regresso de Lula da Silva, 11 anos depois. Mas além destes dois, há mais nove candidaturas ao Planalto.
O atual Presidente brasileiro tem 67 anos e volta a candidatar-se, depois de ter vencido as eleições em 2018. Com carreira militar, Jair Bolsonaro iniciou a carreira política na década de 1980, como vereador no Rio de Janeiro, tendo-se seguido 28 anos como deputado federal.
Luís Inácio Lula da Silva tem 76 anos e é candidato presidencial pela sexta vez, 33 anos depois da primeira. Derrotado em 1989, 1994 e 1998, foi eleito quatro anos depois e reeleito em 2006. Em 2018 chegou a ser pré-candidato, mas a sua condenação e prisão no processo Lava Jato interromperam o processo.
Outro candidato que já não é uma novidade é Ciro Gomes. Aos 64 anos, candidata-se pela quarta vez. Foi ministro de Lula da Silva e, anteriormente, de Itamar Franco. A carreira política começou em 1989, quando foi eleito prefeito (o equivalente a presidente da Câmara) em Fortaleza.
Simone Tebet tem 52 anos e uma carreira política ligada ao Estado de Mato Grosso do Sul. Aí foi prefeita de Três Lagoas, vice-governadora e senadora Federal. Em 2019, foi considerada a melhor senadora do país no Prémio Congresso em Foco. É filiada no Movimento Democrático Brasileiro há 25 anos.
Felipe D’Ávila é um dos fundadores do Centro de Liderança Política. Aos 59 anos, é engenheiro de formação, tendo-se depois especializado em Ciência Política e Administração Pública. Para além da carreira política, tem também um percurso literário, como escritor.
O candidato José Maria Eymael é o mais velho dos 11 a sufrágio. Com 82 anos e natural de Porto Alegre, tem, para além da carreira política, um percurso como advogado e empresário. Filiou-se em 1962 no Partido Democrata Cristão, que ajudou a refundar em 1985. É a sexta vez que se candidata à Presidência do Brasil, depois de 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018.
Já Vera Lúcia tem 54 anos e é natural de Pernambuco. É recandidata, depois de também o ter sido em 2018. Foi candidata às prefeituras de São Paulo e Aracaju e ao governo de Sergipe, para além de ter se candidatado a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Leonardo Péricles é o candidato mais jovem. Tem 40 anos e é técnico de eletrónica e mecânico. Foi um dos rostos da oposição de o Brasil receber o Campeonato do Mundo de futebol de 2014. É candidato pela Unidade Popular, partido do qual foi um dos fundadores em 2020.
Depois de ter sido candidata a vice-presidente em 2014, Sofia Manzano encabeça agora uma candidatura à Presidência. Aos 51 anos, Sofia Manzano foi presidente da União da Juventude Comunista, é de São Paulo mas é professora na Universidade da Bahia. É filiada no Partido Comunista Brasileiro.
Aos 49 anos, Soraya Thronicke é também candidata à Presidência do Brasil. É senadora pelo Mato Grosso do Sul, eleita em 2019. Eleita pela União Brasil, Soraya apoiou Jair Bolsonaro em algumas das suas políticas, como a defesa do porte de armas. Assume-se ainda defensora do agravamento da legislação penal.
Kelmon Souza é um padre ortodoxo de 45 anos, candidato pelo Partido Trabalhista Brasileiro. Foi apoiante de Jair Bolsonaro e chegou a participar em comícios de apoio ao atual presidente. Encabeça a lista depois de o candidato inicial, Roberto Jefferson, ter visto negada a sua candidatura.