Segundo o “Relatório do Trabalho e Coesão social 2020”, do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos do Grão-Ducado (Statec) as famílias portuguesas são as que menos dinheiro têm para viver no Luxemburgo e estão em maior risco de cair na pobreza.
As famílias portuguesas no Grão-Ducado são as que possuem um rendimento mensal mais baixo, cerca de 2335 euros/mês, entre as principais comunidades imigrantes, e também as que estão em maior risco de cair na pobreza.
Os trabalhadores portugueses são os que mais acidentes de trabalho sofrem, e que mais doenças físicas e psicológicas desenvolvem, sobretudo as mulheres. E os imigrantes que mais estão a regressar ao país natal.
Este é o retrato atual dos portugueses no Luxemburgo revelado pelo “Relatório do Trabalho e Coesão social 2020”.
Mas, atenção. Esta realidade que não ilustra a comunidade portuguesa em geral no país, mas sim a da emigração mais recente e pouco qualificada, defendem os especialistas.
Nos últimos anos, para estes trabalhadores, o Luxemburgo só tem para lhes oferecer trabalhos precários, mal pagos, e em que o salário não chega para viver dignamente até ao final do mês. “O Luxemburgo já não é o ‘El Dorado’”, garante quem conhece bem as dificuldades dos novos pobres no pequeno, mas muito rico país.
Associações e Embaixada têm lançado alertas para que os portugueses que desejam emigrar para o Luxemburgo não o façam “de ânimo leve”, sem contrato de trabalho efetivo, e depois de se informarem bem do custo de vida no país, e fazerem contas, para que não corram riscos de ficar numa situação difícil, pior do que em Portugal.
O salário mínimo que o Luxemburgo oferece é o mais elevado da Europa e o segundo maior do mundo, a seguir à Austrália. Para trabalhadores não qualificados o salário mínimo é de 2.256,95 euros brutos, enquanto o de Portugal é de 655 euros.
Uma diferença grande demais e que faz acreditar que o sacrifício de emigrar compensa, sobretudo quando os familiares e amigos imigrados no Luxemburgo, há longos anos, são o exemplo de que o país é o melhor lugar para ganhar bem e fazer um belo pé-de-meia. Só que já não é assim, para quem tem poucas qualificações.
Segundo o relatório do Statec, o nível médio de vida das famílias no Luxemburgo é 3.641 euros mensais e os portugueses são os que dispõem de um rendimento mais baixo, de 2.335 euros mensais, por agregado familiar. “Os agregados familiares cuja pessoa de referência é portuguesa são os menos abastados, com um nível de vida médio inferior à média nacional, enquanto os que têm uma pessoa de referência francesa são os que estão em melhor situação”, lê-se no relatório sobre o Trabalho e Coesão Social daquele país.
Os agregados franceses dispõem de 4.314 euros/mês, os alemães de 4.001 euros, belgas e luxemburgueses de 3.941 euros e 3.914 euros respetivamente, os italianos de 3.863 e os portugueses de 2.335 euros. No total, um em cada cinco agregados familiares do país possuem um rendimento inferior a 2.000 euros por mês.
No Grão-Ducado, uma pessoa é considerada pobre quando o seu rendimento mensal é inferior a 1.882 euros por mês, indica o Statec.
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