A ministra da Educação cabo-verdiana anunciou recentemente o ensino do português como segunda língua com o objetivo de fortalecer a língua portuguesa no país
O Governo cabo-verdiano disse que a introdução, a partir do próximo ano letivo, do português como língua segunda não tem nenhuma conotação depreciativa e não mexe com o princípio constitucionalmente consagrado do português como língua oficial.
O esclarecimento do Executivo cabo-verdiano surge duas semanas após a ministra da Educação, Maritza Rosabal, ter anunciado que a partir do próximo ano letivo o ensino do português como língua segunda com o objetivo de fortalecer a língua portuguesa no país.
O anúncio tem gerado polémica em Cabo Verde, sobretudo nas redes sociais, blogues e outros fóruns de opinião.
No comunicado divulgado ontem, o Governo cabo-verdiano esclareceu que o ensino do português como língua segunda vai valorizar a língua através de métodos cientificamente comprovados como sendo mais eficazes.
Na nota, o Executivo sublinhou que os falantes não dominam a língua portuguesa com a mesma competência e fluência com que dominam o crioulo, pelo que a Lei de Bases do Sistema Educação, aprovada em 1990, definiu, entre outros, o objetivo de promover a utilização adequada da língua portuguesa, como instrumento de comunicação e estudo.
O Governo cabo-verdiano referiu ainda que vários estudos já foram feitos sobre a problemática, orientando a política e praxis educativa no sentido de valorizar o ensino da língua portuguesa, com a aplicação de uma metodologia de abordagem do processo de ensino e aprendizagem como língua segunda.
Lembrando que a abordagem metodológica deveria ser acompanhada de ações de formação de docentes, de produção de materiais didático-pedagógicos adequados, o governo citou ainda a linguista cabo-verdiana Amália Lopes, que diz que um dos aspetos que tem contribuído para maior ou menor grau de insucesso no ensino e aprendizagem do português (e de outras disciplinas) reside no fato de alguns docentes estarem a proceder ao ensino desta língua como se fosse uma língua que começou a ser apreendida como língua materna”.
“É precisamente este quadro que se pretende inverter, ao introduzir a abordagem metodológica da língua portuguesa como língua segunda nos processos de ensino e aprendizagem a partir da educação pré-escolar”, sublinhou.
O comunicado conclui referindo que a finalidade da medida é que os estudantes desenvolvam as competências linguísticas e o domínio pleno da língua portuguesa e contribuir para melhoria dos resultados das aprendizagens em todas as áreas.