A alheira é hoje consumida de norte a sul de Portugal, mas são os transmontanos que sabem como empratá-la. Para lá do Marão, batata frita e ovo a cavalo constituem blasfémia.
A origem da alheira está associada à ordem de expulsão dos judeus do país por D. Manuel I. A lei permitia a sua permanência se abraçassem o catolicismo e muitos fingiram converter-se. A criação do enchido é atribuída aos “convertidos”, que imaginaram um enchido semelhante aos que na época eram prato forte do povo, mas não levava porco, a carne proibida pela fé judaica.
Em lugar de meter na tripa seca a carne de porco, usavam a galinha, o coelho-bravo, a perdiz, tudo amassado com pão, servindo de excipiente o azeite e de condimento o sabor agressivo do alho silvestre. Uma forma engenhosa de ludibriar o Santo Ofício. A receita acabaria por se popularizar entre os cristãos, mas estes juntavam-lhe a carne de porco. A verdade é que com o decorrer dos tempos foi este animal quem melhor sabor começou a fornecer a este alimento.
A alheira, que deve o nome ao característico sabor a alho, é hoje consumida de norte a sul de Portugal. Habitualmente grelhada ou assada nas brasas, para eliminar algum excesso de gordura, a tradição transmontana acompanha-a com batatas cozidas e grelos amargos. Nunca mais se atreva a estraga-la com batata frita e ovo a cavalo!
Ingredientes:
Alheiras
Batatas
Grelos de nabo
Um dente de alho
Banha
Modo de preparação:
Picar as alheiras, que devem estar à temperatura ambiente (para não rebentarem). Cozer os grelos, escorrer e cortá-los. Mantê-los tapados para não arrefecerem. Cozer as batatas e reservar. Grelhar as alheiras em lume forte numa frigideira, sem gordura e tapadas, para que ganhem uma capa tostada. Na gordura que largaram, deitar um dente de alho e, se necessário, acrescentar banha. Introduzir os grelos e salteá-los durante alguns minutos. Servir as alheiras com os grelos salteados e as batatas cozidas.