As exportações nacionais de vinho cresceram 1,9%, no acumulado de janeiro e novembro, para os 875,5 milhões de euros, com o contributo positivo das denominações Vinho Verde, Alentejo, Lisboa, Dão, Madeira e Bairrada. Já o Vinho do Porto está a cair 4,9%, em relação ao período homólogo, para 295,7 milhões de euros, o que prejudica o comportamento total do setor. Retirado o contributo do Vinho do Porto, as exportações estão a crescer 2,7% em volume e 5,75% em valor, levando a um aumento de quase 3% no preço médio. O setor está pouco mais de 50 milhões de euros de ultrapassar o seu melhor ano de sempre.
“Estamos a crescer quase a 2%, muito acima do que esperávamos ao início. O primeiro semestre foi negativo, com quebras, e a previsão que tínhamos era que acabássemos o ano a crescer, mas não mais do que 1,5%. O [mês de] dezembro acreditamos que correu bastante bem, portanto há uma forte expectativa de acabarmos o ano com crescimento muito acima do que era esperado, o que é uma boa notícia”, diz o presidente da ViniPortugal. Frederico Falcão salienta ainda a “resiliência do setor, que conseguiu recuperar da queda no primeiro semestre para voltar a crescer”, aproximando-se de novo recorde histórico nas exportações que, o ano passado, atingiram os 927,4 milhões de euros.
Sobre as perspetivas para 2023, ano em que o setor tem o objetivo estratégico de ultrapassar a meta dos mil milhões de euros de vinho exportado, este responsável admite que é esperado um primeiro semestre “um bocadinho difícil”, em especial na Europa, cujos consumidores se manterão contidos, fruto da inflação. “A nossa esperança é que haja uma recuperação da economia mundial e que esta escalada da inflação abrande, como já se começa a ver nos Estados Unidos. Esperemos que isso se alastre, depois, à Europa. Se Angola mantiver o crescimento que tem tido e, com a abertura do mercado da China e dos mercados do Leste, o que esperamos é voltar, em 2023, aos bons crescimentos em termos de exportações”, sublinha Frederico Falcão. E por “bons crescimentos” entenda-se uma subida na ordem dos 5 a 6%, que já permitirá, espera-se, atingir os mil milhões de euros esperados.
Para já, e olhando para os números do INE referentes aos primeiros 11 meses de 2022, Portugal exportou 306,4 milhões de litros de vinho no valor de 875,5 milhões de euros, o que representa um aumento de 0,52% em volume e de 1,9% em valor. O preço médio aumentou 1,4% e é de 2,86 euros o litro. A França voltou a ocupar a posição de maior mercado externo dos vinhos portugueses, posição que os Estados Unidos haviam assumido transitoriamente nos últimos meses. E dado que a França até está a recuar em volume e valor, comparativamente aos primeiros onze meses de 2021, enquanto os EUA perdem em quantidade, mas crescem em valor, tudo indica que o mercado norte-americano possa vir rapidamente a atingir um lugar cimeiro.
No top5 de destinos, seguem-se o Reino Unido e o Brasil, ambos com quebra relativamente ao ano anterior. Por fim, o Canadá perdeu terreno em quantidade, mais cresce 3,2% em valor. Destaque, ainda, para a performance do mercado angolano que ocupa já a sétima posição dos destinos de exportação, mas sobe à terceira se retirado o contributo do Vinho do Porto.
As exportações para Angola mais do que duplicaram (mais 110%) para os 46,4 milhões de euros. O Japão cresce quase 30% e a Polónia 7,7%.
O Vinho do Porto mantém-se como a categoria mais exportada, com os já referidos 295,7 milhões de euros, menos 15 milhões do que no período homólogo. Segue-se o Vinho Verde, que está a crescer 6,9% para 77,8 milhões de euros e o Alentejo, com mais 13,5%, num total de 73,3 milhões. O Douro recua 1,85% para 66,1 milhões, a Península de Setúbal cai 1% para 19,4 milhões e o Tejo recua 0,3% para 11,2 milhões de euros. Destaque, ainda, para a quebra de 8,9% das exportações da Beira Interior e de 17,5% das Beiras.
Em sentido contrário, Lisboa está a crescer 7,5% para 56,1 milhões de euros, o Dão regista acréscimo de 19,2% para quase 20 milhões de euros, e a Madeira sobe 2,4% para 14,8 milhões de euros. A Bairrada vendeu mais 5,2% ao exterior, num total de 2,2 milhões de euros.
2023-01-11 17:50
Ilídia Pinto, Dinheiro Vivo