Álvaro de Miranda, que chegou a Londres em 1958 com 15 anos devido ao exílio político do pai, foi membro de vários grupos de ativistas antifascistas em Londres e esteve envolvido nos protestos à visita do presidente da República Marcello Caetano a Londres, em 1973.
A exposição para promover os “valores de Abril” junto da comunidade portuguesa em Londres lançou um programa de eventos que se prolonga até julho para comemorar o 50.º aniversário da revolução portuguesa.
Álvaro de Miranda, que foi um opositor ativo ao regime fascista a partir da capital britânica, é o curador da exposição “Viva o 25 de abril de 1974”, na Biblioteca Tate South Lambeth, a qual organizou de forma voluntária por sentir uma “ligação emocional” com a revolução.
“Passados 50 anos, achei que era necessário promover os valores de Abril de forma mais forte e coerente por causa da subida dos votos na extrema-direita”, disse o professor universitário aposentado à agência Lusa.
Esta foi uma referência ao partido Chega, o terceiro maior com representação parlamentar, que tem vindo a ganhar apoio entre os eleitores portugueses residentes no Reino Unido, onde passou de 0,87% dos votos nas legislativas de 2019 para 10,12% em 2024.
Miranda considera “importante lembrar o que era o fascismo para evitar que as pessoas estejam tentadas a vê-lo como uma solução para os problemas que têm agora [porque] há o perigo de ele regressar sem darem conta disso”.
Álvaro de Miranda, que chegou a Londres em 1958 com 15 anos devido ao exílio político do pai, foi membro de vários grupos de ativistas antifascistas em Londres e esteve envolvido nos protestos à visita do presidente da República Marcello Caetano a Londres, em 1973.
A exposição, desenvolvida sob a égide do grupo cívico Migrantes Unidos, é composta por uma série de painéis explicativos, em inglês e português, sobre o fascismo, o colonialismo e a guerra colonial, o impacto na emigração, os acontecimentos do 25 Abril, o período revolucionário e o legado da revolução.
O principal público-alvo são os jovens, vincou Álvaro de Miranda, que obteve o apoio do município londrino de Lambeth, onde vive uma numerosa comunidade lusófona, para organizar visitas de escolas locais à exposição.
Além de financiamento da autarquia, o único que conseguiu para esta iniciativa, destacou o facto de ter lugar em pleno ‘Little Portugal’, bairro em que estão concentrados muitos restaurantes e comércios portugueses, facilitando o acesso da comunidade durante a duração da exposição, patente até 18 de maio.
A mostra marcou o início de uma série de eventos organizados para celebrar o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos.
Alex Fernandes vai apresentar o livro que publicou recentemente, “The Carnation Revolution: The Day Portugal’s Dictatorship Fell”, na Biblioteca Tate South Lambeth em 06 de maio.
De 02 a 14 de julho, duas peças, A Mulher Sem Medo, de Armando Nascimento Rosa, e A Reputation, de Susannah Finzi, ambas situadas em Portugal na década de 1960, estarão em palco no Teatro Omnibus.
Algumas sessões serão seguidas de fado e de discussões com os dois dramaturgos, e em paralelo estará patente no bar do teatro uma exposição de fotografias dos murais de intervenção política captadas em Lisboa em 1974.
Um programa completo destes eventos, produzido pelos Migrantes Unidos em inglês e português, será distribuído por estabelecimentos comerciais portugueses em Londres.