A Câmara Municipal de Paris está a disponibilizar ferramentas aos habitantes da cidade que permitam a denúncia de “lojas escuras”, espaços de distribuição de produtos de consumo diário, instalados em prédios de habitação, que têm provocado muitas queixas.
A moda das “lojas escuras” resultou da pandemia de covid-19, quando os confinamentos abriram porta ao crescimento exponencial de negócios online. A aposta em entregas rápidas fez, por outro lado, com que os armazéns se situassem o mais perto possível dos consumidores finais. Não tardaram as queixas dos moradores de zonas residenciais, incomodados pelo movimento, ruído e até cheiros que resultam destas atividades nos seus bairros.
Agora, no seu site oficial, a Câmara Municipal de Paris observa que “a instalação de armazéns está sujeita ao código urbanístico, que nem sempre é respeitado”. Para poder atuar de forma mais direta e impedir a proliferação destas instalações, a Autarquia da capital francesa, dá aos residentes a possibilidade de reportarem “qualquer instalação para verificação dos seus serviços”.
Em Paris, o Plano de Urbanismo Local proíbe instalações de armazéns nos pisos térreos e subsolos de edifícios residenciais. Assim, recorda a Câmara, “não é possível a instalação dessas atividades no local de estabelecimentos comerciais em lotes de habitação”, acrescentando que “qualquer transformação de instalações comerciais para outro destino requer permissão”.
A única forma possível de desenvolvimento é a transformação de instalações em terrenos sem habitação ou mesmo a utilização de instalações já destinadas ao armazém.
De acordo com um estudo recente da APUR (Atelier Parisien d’Urbanisme), em janeiro foram identificadas mais de 80 “lojas escuras” pertencentes a cerca de dez marcas em Paris e seus subúrbios.