O Governo da Região Autónoma da Madeira, em Portugal, quer fazer de Macau a sua plataforma comercial para a Ásia.
Filipa Ferreira, responsável pela agência governamental da Madeira para o investimento e promoção comercial é autora de um artigo na imprensa local sublinhando que, para as ilhas atlânticas, “a dimensão gigantesca do mercado asiático é muito importante não só para a distribuição de produtos regionais, mas também para ajudar as empresas a ganhar escala”.
Além disso, acrescentou, “ao nível das empresas madeirenses, existem alguns casos de sucesso na exportação, nomeadamente de bebidas alcoólicas para a China, devido ao trabalho de prospeção destas empresas e ao apoio do Governo Regional na participação em feiras temáticas e na divulgação dos produtos regionais”.
No artigo “Macau: a porta de entrada para o Oriente”, Ferreira diz que a diversificação de mercados para a Madeira aumenta o potencial de crescimento, limitado pela dimensão do mercado regional e português, e permite ainda gerir melhor as “flutuações da procura”.
Filipa Ferreira assumiu funções na Invest Madeira em 2018 e uma das suas primeiras missões foi preparar o acordo de cooperação entre o Governo Regional da Madeira e a Associação Internacional de Negócios China-Europa de Macau, presidida por Derio Kong Vai Chan.
Nessa altura, esta agência de investimento e promoção comercial estava sob a alçada do Vice-Presidente do Governo, Pedro Calado, que desde outubro de 2021 foi eleito Presidente da Câmara Municipal do Funchal (foto acima), capital da Região Autónoma. O novo secretário da Economia, Rui Barreto, tem agora a Invest Madeira sob a sua coordenação.
Ferreira recorda o passado de Macau sob a administração portuguesa e a transferência pacífica da administração para a República Popular da China, graças às boas relações entre os dois países. De acordo com os princípios do governo chinês de “um país, dois sistemas”, Macau tem um “elevado grau de autonomia, limitado apenas ao nível das suas relações externas e defesa”, acrescenta.
A influência portuguesa e os laços culturais e afetivos mantidos com Macau são “um fator determinante para que as empresas portuguesas utilizem este território não só como porta de entrada para a China continental, mas também como plataforma de acesso a outros mercados do Oriente”, afirma Ferreira.
“Estes laços históricos e culturais são extremamente importantes para facilitar o acesso das empresas portuguesas a este imenso mercado, criando uma enorme vantagem para o crescimento comercial entre empresas dos dois países” e fazem de Macau “um ponto facilitador entre empresas portuguesas e chinesas”, também “utilizado pelas empresas chinesas para aceder aos diferentes países de língua portuguesa”.