Jornalistas de todo o mundo, reunidos no projeto ambiental CCNow (Covering Climate Now), pretendem reforçar, ao longo de uma semana, a cobertura noticiosa sobre a crise climática.
“Temos de salvar a democracia para salvar o clima e salvar nossa espécie”, referiu Jamie Raskin, representante do partido democrata de Maryland, nos Estados Unidos, numa entrevista conduzida pela CCNow.
Citando a invasão da Ucrânia pelo presidente russo Vladimir Putin e o “golpe” do ex-presidente dos EUA Donald Trump, em 6 de janeiro, para derrubar a eleição de 2020 como exemplos dos “autocratas e ditadores que se mantêm presos ao velho modelo de carbono que está a sufocar o planeta”, Raskin afirmou que “movimentos e governos democráticos devem responder com ímpeto, para defender a sobrevivência da nossa espécie”.
Durante a semana de cobertura da crise climática, que começou esta segunda-feira, e se estende até o Dia Mundial da Terra (celebrado a 22 de abril), a rede ambiental do CCNow, que engloba jornalistas da CBS News, NBC News, ABC News, VICE, NowThis, Columbia Journalism Review, The Nation, Al Jazeera, Times of India, Daily Maverick, Die Tagezeitung (taz), Público e The Daily Maverick, irá avaliar se a democracia será eficaz no combate às alterações climáticas.
A cobertura visa ainda “inspirar” os meios de comunicação – sejam eles parceiros do CCNow ou não – a produzir a sua própria cobertura sobre a relação entre clima e democracia.
Jornalistas que acompanham a crise ambiental questionam se estarão os governos a melhorar os seus planos de ação climática para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, a meta estabelecida no Acordo de Paris em 2015.
Mais de 100 países comprometeram-se na COP26, que decorreu o ano passado em Glasgow, a reduzir as emissões de gases com efeito estufa, “medida que teria o efeito mais rápido e com maior impacto na desaceleração do aumento da temperatura global”, segundo estudos científicos.
“Mesmo com todas as novas promessas de Glasgow para 2030, emitiremos cerca do dobro do exigido para 1,5ºC em 2030”, referiu na última Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas o grupo de investigadores Cat Action Tracker- CAT.
Assim, “a liberdade de imprensa é uma solução climática essencial”, referiu Giles Trendle, diretor administrativo da Al Jazeera English, num artigo no âmbito da semana ‘Clima e Democracia’. A crise climática “exige uma cobertura cada vez maior”, argumentou, e “os jornalistas devem ser livres para fornecê-la” sem serem “silenciados, suprimidos ou marginalizados”, frisou.
Ao longo desta semana, são esperadas publicações sobre ‘Clima e Democracia’, cobertura que poderá ser acompanhada numa lista disponibilizada no site da rede global CCNow.
Esta organização sem fins lucrativos e “apartidária” reúne mais de 500 meios de comunicação, atingindo uma audiência de 2 biliões de pessoas. Cofundada, em abril de 2019, pela Columbia Journalism Review e a The Nation, a CCNow convida jornalistas e redações de todo o mundo a juntarem-se à causa ambiental, promovendo o “fortalecimento” da sua cobertura jornalística. Qualquer órgão de comunicação pode juntar-se à rede global, de forma gratuita.