O cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Luís Gaspar da Silva, cessou funções poucos dias antes de completar um ano no cargo.
O diplomata, que foi designado recentemente Embaixador de Portugal na Namíbia, tomou esta decisão na sequência dos “momentos de insegurança” que viveu quando a sua residência oficial, o Palácio São Clemente, localizado em Botafogo, na Zona Sul do Rio, foi invadida, em outubro do ano passado, por bandidos que fizeram o cônsul-geral e a sua família reféns.
Na altura, dada a dimensão desta situação, Luís Gaspar da Silva foi contatado pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que reforçou que o episódio não contou com “exercício de violência, nem feridos, mas foram furtados vários bens pessoais do senhor embaixador”.
Fontes ligadas ao diplomata relatam que toda esta situação “mexeu com a família de Luís Gaspar da Silva, que, por motivos de segurança, decidiu deixar o Rio de Janeiro e partir para um novo destino diplomático”.
Nos últimos dias, em tom de despedida, Luís Gaspar da Silva conversou com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, mas não conseguiu alinhar agenda com o governador do Rio, Cláudio Castro. Ofereceu dois almoços no Palácio São Clemente às lideranças das Casas Regionais e das instituições portuguesas na cidade e aos empresários lusitanos locais.
João de Deus “assume” o comando do consulado
Esta unidade diplomática no Rio de Janeiro, que conta com centenas de atendimentos mensais, vai ser agora liderada pelo cônsul-geral adjunto de Portugal no Rio, João Marco de Deus, que está neste cargo há quase cinco anos.
“Posso dizer que vou assegurar a plena normalidade do funcionamento do consulado-geral no Rio na expetativa da vinda de um novo cônsul-geral, algo perfeitamente normal na nossa profissão”, destacou João de Deus, que mantinha uma grande proximidade de gestão do consulado ao lado de Luís Gaspar da Silva.
Agora na Namíbia, Luís Gaspar da Silva assumiu funções como cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro no dia 2 de fevereiro de 2021. Aos 63 anos de idade, chegou ao Brasil com uma grande bagagem no eixo diplomático, tendo passado por experiências no continente africano, na Europa e nas Nações Unidas.
Durante a sua carreira, apresentou várias candidaturas a postos consulares no Brasil, sem sucesso. Diz-se defensor da ligação entre os países, sublinhou que o Brasil deverá assumir em algum momento uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, fruto da sua atuação “em prol da paz e da segurança mundiais” no Haiti e na Guiné-Bissau e também pelo seu “peso diplomático nos cinco continentes”.
Embora não haja ainda uma data formal para a apresentação de um novo cônsul-geral para o Rio de Janeiro, é referido que será apresentado “um nome” até ao mês de abril deste ano.