A criação de uma ferramenta de inteligência artificial que permite, com alta precisão, captar dados sobre exoplanetas, contribuindo para a missão da Agência Espacial Europeia, valeu ao investigador Luís Simões a vitória no Ariel Machine Learning Data Challenge.
Luís Simões foi premiado por aperfeiçoar a capacidade de deteção de exoplanetas, através da captação de luz emitida por uma estrela, com um algoritmo de alta precisão.
O desafio foi lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla inglesa) para garantir as condições necessárias ao estudo de exoplanetas (planetas que orbitam à volta de uma estrela, mas não pertencem ao sistema solar) na missão Ariel, que será lançada em 2029.
Para o investigador português, que participa “periodicamente em competições de ‘machine learning’ para o espaço”, este concurso trazia a vantagem de desenvolver as suas “capacidades de abordar os problemas e aplicar diferentes algoritmos”, bem como de se manter “a par dos desenvolvimentos em inteligência artificial”.
Ao desafio, que lhe pareceu “excelente, pela relevância e pela complexidade”, respondeu com a criação de uma solução com uma margem de erro médio de 0,00007.
Em entrevista à Agência Lusa, Luis Simões explicou que “o problema em concreto, a deteção de exoplanetas, faz-se por diferentes abordagens, mas aquela que tem tido mais sucesso tem a ver com o estudo das curvas de luz, portanto, da luz que nos chega vinda de uma estrela e, quando um planeta, na sua órbita, passa à frente, a forma que essa curva assume diz-nos muito sobre o planeta”.
Esse método já foi usado “para identificar milhares de exoplanetas”, reconhece, “mas esta missão tem um objetivo bastante ambicioso”, que passa por “compreender a composição química da atmosfera desses planetas”.
“Isso só será possível com ferramentas que não existem hoje em dia, daí o interesse de, 10 anos antes, começar-se a estudar e a lançar o desafio à comunidade”, acrescentou Luís Simões.
A solução a que chegou não fornece novos dados, mas Luís Simões criou um “modelo que, praticamente, não tem erro (…), um modelo de alta precisão”.
Luís Simões começou a trabalhar na aplicação de inteligência artificial a problemas do espaço, tendo produzido “sistemas para a Airbus e para a ESA para controlar a aterragem de naves noutros planetas”.
Em 2008, com a crise, foi viver para a Holanda, onde começou a colaborar com a ESA.
Regressou a Portugal em 2018, onde, com a mulher, criou a empresa ML Analytics.