Durante as férias de verão em Portugal os jovens condutores emigrantes são responsáveis por muitos acidentes ocorridos nas estradas nacionais. A revista Comunidades e a ANSR – Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária alertam para alguns comportamentos de risco que podem contribuir para a diminuição da sinistralidade nas estradas portuguesas durante o verão.
Estudos revelam que os fatores de risco que contribuem para a alta representatividade dos jovens na sinistralidade resultam principalmente da falta de maturidade, de experiência, comprometimento e estilos de vida associados à sua idade e seu género.
Os jovens, em particular, são muitas vezes mais confiantes sobre suas capacidades de condução. Tendem a sobrestimar as suas capacidades e a subestimar os riscos.
Quatro fatores desempenham um papel importante:
- Imaturidade: Condições biológicas e sociais nos jovens não estão ainda suficientemente desenvolvidas;
- Exposição ao risco: A exposição a condições de risco é alta;
- Falta de experiência: As capacidades de condução não estão suficientemente desenvolvidas;
- Condução sob influência: O desempenho da condução é prejudicado por causa do uso de álcool, de drogas ilegais e legais, fadiga, cansaço e distração.
A imaturidade, característica dos jovens que estão em fase de desenvolvimento físico, social e psíquico, associada à inexperiência natural que apresentam como condutores, desencadeia a prática de mais falhas por parte dos jovens do que por parte dos condutores mais experientes.
Os jovens apresentam características específicas que condicionam o seu comportamento seguro no trânsito:
- Têm prazer em conduzir com muita velocidade, gostam da sensação de correr riscos, vivem intensamente o momento, têm tendência para testar as suas capacidades e consideram-se invulneráveis;
- Têm uma imagem muito positiva de si, preocupam-se constantemente com a sua imagem, necessitam de auto afirmar-se a cada momento, tendem a impressionar os outros, principalmente os seus pares, revelam prazer em ter comportamentos exibicionistas no trânsito;
- Sobrevalorizam as suas capacidades e competências, julgam que conseguem responder a determinada situação de trânsito de forma eficiente e assim vão adotando comportamentos de risco;
- Subestimam a complexidade das situações de trânsito, avaliando de forma deficiente a quantidade e qualidade de estímulos oriundos do trânsito;
- Revelam inexperiência no desempenho na tarefa da condução;
- Querem ser independentes e assim desvalorizam as referências e orientações familiares;
- O consumo de álcool, mesmo em pequenas quantidades, tem um impacto maior na redução das capacidades dos jovens e consequentemente no envolvimento em acidentes, especialmente nos mais graves;
- O consumo de drogas aliado à ingestão de álcool leva a situações ainda mais graves;
- Distraem-se mais que condutores mais experientes, o que torna ainda mais perigoso falar ao telemóvel durante a condução.
Exemplos de processos comportamentais que parecem estar associados aos processos de risco incluem a formação da identidade, a integração no grupo de pares e o desejo de alcançar o estatuto de adulto. Além disso, os jovens percecionam mal o risco para si e para os outros e consideram-se imunes ao acidente.
Daqui se conclui que assistimos nos jovens desta faixa etária a um paradoxo: a fase de desenvolvimento em que estão perto de alcançar o auge das suas faculdades físicas e psíquicas é também uma fase em que precisam de testar a realidade e os seus limites e, fazendo-o ao serviço do seu próprio desenvolvimento e crescimento, criam um equilíbrio periclitante que os fragiliza e os torna vulneráveis ao risco. Ou seja, a fase da vida em que são mais saudáveis, é a fase de maior morbilidade e mortalidade por acidentes rodoviários.
Conduza com segurança, cumpra as regras de trânsito e regresse feliz ao seu país de acolhimento depois de umas agradáveis férias em Portugal.