Protestos de quinta-feira em Maputo fizeram pelo menos três mortos e mais de 60 feridos.
O líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, exigiu esta sexta-feira a recontagem dos votos ou a repetição das eleições de 9 de outubro como forma de repor a “justiça eleitoral” na sequência dos violentos protestos de quinta-feira em Maputo, que fizeram pelo menos três mortos e mais de 60 feridos.
Segundo Simango, líder do terceiro maior partido parlamentar, apenas a recontagem dos votos ou a repetição das eleições permitirá a “credibilização” do processo eleitoral, marcado pelas alegações de fraude feitas pelo candidato Venâncio Mondlane, principal promotor dos protestos que deixaram um rasto de destruição na capital moçambicana.
O líder do MDM diz que o uso da força “só vai gerar mais violência” e apelou a um “diálogo inclusivo” entre todas as partes. Mondlane, recorde-se, alega ter vencido as eleições, mas a Comissão Eleitoral atribuiu a vitória ao candidato da Frelimo, Daniel Chapo.
Presidente da República moçambicano diz que ação da polícia permitiu evitar outras pilhagens em Maputo
O Presidente moçambicano disse, na sexta-feira, que a ação policial, contendo as manifestações que eclodiram em Maputo na quinta-feira, evitou outras ações de pilhagem na cidade, como aconteceu no centro comercial da rede sul-africana Shoprite, que visitou.
“Vim aqui ver este espetáculo. É aqui onde a mensagem da violência se reflete. Pode-se querer desviar a mensagem ao mundo inteiro, mas isto aconteceu”, afirmou Filipe Nyusi, aos jornalistas, depois de visitar o centro comercial do grupo de supermercados sul-africano Shoprite, onde duas lojas foram vandalizadas e pilhadas nas manifestações violentas de quinta-feira, de contestação aos resultados eleitorais.
“Se não houvesse ação da polícia, a travar, quando eles iam à baixa, acredito que aquelas lojas deles, todas, estariam nesta situação. Mas a polícia conseguiu gerir”, acrescentou, recordando que muitos desses comerciantes também participam nestas marchas e manifestações, por vezes para “reclamar outras coisas”.
“Aproveitamos este momento para pedir para que não se faça isso, manifestação violenta. Acredito que há muito espaço para se poder falar (…). O risco que se corre é isto pegar moda”, disse ainda.
Antes da visita às lojas vandalizadas, onde falou com alguns trabalhadores, tentando perceber como tudo aconteceu na quinta-feira, o chefe de Estado visitou manifestantes e polícias feridos nas manifestações, das quais resultaram três mortos e 66 feridos, segundo o Hospital Central de Maputo.