LAM é uma empresa tecnicamente falida, refere Ernst&Young.
Segundo a empresa de auditoria Ernst&Young, as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) poderão descontinuar as suas atividades de voos devido à má gestão que se instalou na companhia. “Uma incerteza material que pode colocar em causa a capacidade da Empresa em continuar o seu curso normal de negócios”, refere a auditora.
A demonstrações financeiras da empresa LAM referentes ao ano de 2020 indicam que “futuros acontecimentos ou condições podem provocar que a entidade descontinue as operações”, diz a Ernst&Young citada pela imprensa moçambicana.
Analisando os dados da LAM, a empresa de auditoria sugere que a LAM está em risco de interromper operações por “apresentar capitais próprios negativos (despoletando as medidas previstas no artigo 119º do Código Comercial), um passivo corrente superior ao ativo corrente”.
O relatório de auditoria sobre as demonstrações financeiras da companhia aérea moçambicana, referente a 31 de dezembro de 2019, “incluía uma reserva por limitação de âmbito relacionada com a recuperabilidade de um adiantamento efetuado a um fornecedor no montante de 1.5 bilião de meticais e apresentado na rubrica de outros ativos financeiros.
No exercício de 2020, a Empresa registou uma perda referente à totalidade desta conta a receber. Não estamos em condições de concluir em que medida a perda registada no exercício de 2020 deveria ter sido reconhecida em exercícios anteriores”.
A Ernst&Young indica ainda que os resultados do exercício que terminou em 31 de dezembro de 2020 incluem uma perda de 329.7 milhões de meticais relativos ao valor recuperável de inventários.
“O nosso relatório de auditoria sobre as demonstrações financeiras com referência a 31 de dezembro de 2019 inclui uma reserva por limitação de âmbito relacionada com este assunto, sendo que não foi obtida evidência adicional que nos permite concluir em que medida a perda registada no exercício de 2020 deveria ter sido reconhecida em exercícios anteriores”, cita a fonte.
A Ernst&Young desvendou ainda nas contas da LAM de 2020 uma perda de 351.1 milhões de meticais (cerca de 490 milhões de euros) relativa a uma perda de imparidade de ativos fixos tangíveis e 299.4 milhões de meticais (cerca de 413 milhões de euros) relativos a amortizações do exercício.
“O relatório de auditoria sobre as demonstrações financeiras, com referência a 31 de dezembro de 2019, incluía uma reserva por limitação de âmbito relacionada com este assunto, no montante de 650.5 milhões de meticais (899ME), sendo que não foi obtida evidência adicional que nos permita concluir em que medida a perda e o gasto de depreciação registados no exercício de 2020 deveriam ter sido reconhecidos nos resultados de exercícios anteriores”.
As demonstrações da LAM de 2020 ilustram que os capitais próprios estão avaliados em 17.1 mil milhões de meticais. No ano em análise, a companhia registou um activo total de 3.9 mil milhões de meticais, contra 6.8 mil milhões de meticais do ano económico anterior. Os passivos ascendem os 21 mil milhões de meticais, contra 18.4 mil milhões de meticais contabilizados em 2019. Os resultados operacionais (que seriam lucros) situaram-se em 4.6 mil milhões de meticais.
“Estas circunstâncias indiciam a existência de uma incerteza material que pode colocar em causa a capacidade da Empresa em continuar o seu curso normal de negócios. Neste contexto, a continuidade da entidade está dependente do apoio a prestar pelos acionistas e/ou da realização de futuras operações lucrativas”, lê-se no relatório da firma, anexa às Demonstrações Financeiras da LAM de 2020.