O presidente do Benfica encontra-se detido na esquadra da PSP de Moscavide, em Lisboa. Em causa fraude ao Fundo de Resolução do Novo Banco e abuso de confiança em relação ao Benfica.
Luís Filipe Vieira e o empresário José António dos Santos foram detidos esta quarta-feira na sequência de uma investigação relacionada com suspeitas de burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais. Também o filho de Luís Filipe Vieira, Tiago Vieira, e Bruno Macedo, empresário ligado ao clube há anos, estão detidos na esquadra de Moscavide. Serão todos ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre. A investigação está a ser feita pela Autoridade Tributária e por isso é que a detenção foi feita na esquadra da PSP e não na sede da PJ.
As suspeitas são de fraude ao Fundo de Resolução e de abuso de confiança por parte de Luís Filipe Vieira perante o próprio Benfica com a venda de 25% de capital social do clube e ainda burla qualificada pelos créditos concedidos pelo Novo Banco ao grupo empresarial de Vieira.
Estas detenções — que não ficam por aqui — surgiram da investigação relativa ao processo do Monte Branco que tem mais de uma década. Em causa suspeitas da existência de uma rede de prática de crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, no valor de centenas de milhões de euros.
A rede permitia alguns empresários portugueses — a partir da Suíça — fugirem aos impostos e fazer desaparecer as provas do seu património. Nas buscas de 2011, as autoridades extraíram uma certidão judicial de forma a investigar Luís Filipe Vieira em relação à dívida que tinha com o BES e que passou para o Novo Banco.
A detenção surge depois das buscas realizadas esta manhã envolvendo Luís Filipe Vieira e o amigo de longa data e maior acionista individual da SAD Benfica, José António dos Santos. Ele é um dos donos da empresa agroalimentar Valouro, sendo também conhecido como “Rei dos frangos”.
De acordo com os jornais, as autoridades também fizeram diligências no Novo Banco e na C2 Capital Partners, sociedade gestora de fundos liderada por Nuno Gaioso Ribeiro (ex-vice-presidente do Benfica) e que está a gerir os créditos e ativos da Promovalor, o grupo económico de Vieira, no âmbito de uma operação de reestruturação das dívidas ao Novo Banco.
O grupo Promovalor é um dos grandes devedores do Novo Banco, com dívidas de 466 milhões de euros em 2015. Parte da dívida foi reestruturada em 2018, com a transferência de créditos e ativos imobiliários para a C2 Capital Partners, numa operação que foi muito criticada pelo Banco de Portugal.