Em outubro, os nómadas digitais de todo o mundo terão um hub na ilha de Porto Santo. Açores e Cabo Verde são outras regiões que estão a criar condições para acolher estes profissionais.
Porto Santo vai ter a partir de outubro um hub para nómadas digitais, uma iniciativa da Startup Madeira depois do “enorme sucesso” da Digital Nomad Village na Ponta do Sol, no Funchal. Açores e Cabo Verde são outros destinos que estão a ser preparados para receber trabalhadores remotos.
O projeto Digital Nomads Madeira, uma parceria entre a Startup Madeira e o governo regional para colocar a Madeira no mapa dos nómadas digitais, arrancou no final do ano passado, com a instalação da primeira Digital Nomad Village, na Ponta do Sol, no Funchal.
“O projeto foi um enorme sucesso, tivemos mais de 8.000 inscritos e mais de 3.000 pessoas na Madeira durante a duração do projeto piloto, de fevereiro a junho, superando todas as expectativas. Colocámos a Madeira no top 10 mundial dos destinos para nómadas digitais (melhor posição foi 4o) no Nomadlist“, adianta Gonçalo Hall, digital nomadism consultant da Startup Madeira.
“Mais importante do que os números foi o feedback muito positivo. Quase toda a gente que esteve na Ponta do Sol quer voltar, estendeu a sua estadia por mais de um mês e encontrou uma comunidade forte, com mais de sete eventos por dia, fez amizades e divertiu-se. Neste momento vários grupos que se conheceram na Madeira estão a viajar juntos na Grécia, Polónia e Espanha”, descreve o líder do projeto.
O projeto arrancou com vontade de estender-se a outras zonas da Madeira. “O nosso objetivo é ajudar a iniciativa privada a criar outros hubs e a replicar o sucesso da Ponta do Sol. Já lançámos Machico, Funchal e Santa Cruz e, no dia 1 de outubro, vamos avançar com um sonho antigo: a comunidade para nómadas digitais do Porto Santo, que vai incluir um espaço de cowork gratuito e eventos diários com um preço super especial no hotel Vila Baleeira de 650/mês num single ou 800/mês se forem duas pessoas, num dos melhores hotéis de Porto Santo”, revela o consultor, o único português que consta da lista de “Remote Influencers of 2021”.
“O Governo está empenhado em manter e fazer crescer este projeto ao longo dos próximos anos como parte da sua estratégia de diversificação do turismo e criação de novas oportunidades económicas e sociais para as duas ilhas da Madeira, por isso estenderam o meu projeto por mais três anos”, adianta.
Num momento em que a pandemia veio revolucionar os modelos de trabalho, e em que o trabalho remoto se transformou no modelo preferencial para muitos colaboradores e empresas no regresso ao escritório, projetos para criar novos espaços para receber a comunidade nómada digital não faltam. “Cabo Verde e Açores estão a trabalhar comigo para começarmos projetos com o mesmo objetivo”, adianta Gonçalo Hall.
“Em Cabo Verde já têm o Remote Work Visa e estamos agora a criar uma comunidade em São Vicente como primeira experiência para crescer o projeto, já temos 100 inscritos a um mês do início e vamos ter cerca de 400 nómadas até ao final do ano”, explica. Depois o objetivo é “continuar a crescer para as outras ilhas de forma a termos uma boa cobertura do país e proporcionarmos uma experiência inesquecível em África a todos os que decidam juntar-se a nós.”
O projeto está a ser desenvolvido com o Instituto do Turismo de Cabo Verde, entidade com quem estão a criar “todas as condições para receber nómadas, desde espaço de cowork, alojamento e ajuda com os vistos”.
“A atração de nómadas digitais é sem dúvida uma ferramenta de turismo sustentável que vem ajudar as regiões ultraperiféricas que sofreram nos últimos anos com a redução de população e desafios na nova economia, acredito que no futuro vamos olhar para estes projetos como o início da mudança de paradigma no mundo”
Nos Açores está a trabalhar-se num projeto semelhante, que deverá ser anunciado até ao final de setembro. “Vamos começar com São Miguel e depois crescer para todas as ilhas, uma de cada vez”, diz. Um projeto desenvolvido em parceria com a Nonagon, o Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel, nos Açores.
Impacto local
Fixar numa ‘vila’ profissionais de todo o mundo pode ter um “impacto económico e social muito fortes” na região, defende Gonçalo Hall, na medida em que ajuda “os negócios locais financeiramente, mas também as startups e o ambiente de inovação local através da troca de conhecimento nos eventos que organizamos”.
“Estamos também focados na parte social, na Madeira a Madeira Fitness Friends angariou 2000 euros para ajudar uma associação animal e estão ativamente a ajudar esta associação, entre muitas outras iniciativas dentro de todos os projetos”, conta.
“A atração de nómadas digitais é sem dúvida uma ferramenta de turismo sustentável que vem ajudar as regiões ultraperiféricas que sofreram nos últimos anos com a redução de população e desafios na nova economia, acredito que no futuro vamos olhar para estes projetos como o início da mudança de paradigma no mundo e vai dar uma nova importância a todas as ilhas da Macarronésia”, argumenta.