O Presidente português levou hoje mais de duas horas a saudar o povo do Lubango, percorrendo lentamente os 11 quilómetros entre o aeroporto e o centro da cidade, onde foi recebido por uma multidão.
«Eu vim quase sempre no estribo do automóvel, vim do lado de fora, a agradecer, porque ao longo do caminho havia milhares de pessoas», descreveu Marcelo Rebelo de Sousa, quando finalmente chegou à sede do Governo Provincial da Huíla, no sul de Angola.
Era ali que a maior parte da sua comitiva e a comunicação social que o acompanha nesta visita de Estado a Angola o aguardavam, sob um sol forte, assim como os cerca de 20 elementos do Kataleco, um grupo cultural que tocou e dançou toda a manhã à espera do chefe de Estado português, que nunca mais vinha.
Várias centenas de pessoas amontoaram-se, entretanto, na beira da estrada, alguns metros adiante, e Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se de imediato até elas, à chegada, pelas 12H30 locais (11H30 em Lisboa), ficando rodeado por uma multidão de gente que se atropelava para estar perto dele.
No meio dessa confusão, falou aos jornalistas, a quem relatou o seu lento percurso desde o aeroporto, com paragens sucessivas para cumprimentar a população, considerando que a forma como foi recebido no Lubango «é excecional, ultrapassou tudo».
«Vinha dependurado porque, como o carro é blindado, não dá para abrir a janela. Portanto, eu abri a porta e vim com um pé no estribo, e outro nem sei bem aonde, e uma mão a segurar», explicou, acrescentando: «Realmente, demorámos muito, muito tempo».
“Agora o programa está desfeito”, observou, enquanto caminhava apressado para a sede do Governo Provincial da Huíla, passando em frente do edifício do Comité Provincial da Huíla do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), onde havia alguns funcionários na varanda, a quem Marcelo Rebelo de Sousa acenou e enviou beijinhos.
Com um atraso de duas horas e meia, o chefe de Estado teve um encontro com o governador da Huíla, Luís da Fonseca Nunes, empresário ligado à agropecuária – setor com potencial nesta região e que o Governo de João Lourenço tem apontado como estratégico na diversificação da economia angolana.
Depois, saiu a pé até à antiga estação de comboios e dali seguiu para dar uma palestra sobre direito na Universidade Mandume Ya Ndemufayo, o último rei dos cuanhamas, povo do sul de Angola e norte da Namíbia, que se opôs ao poder colonial português, no início do século XX.
Dirigindo-se aos alunos, Marcelo Rebelo de Sousa adaptou um excerto da canção de Zeca Afonso “Grândola, Vila Morena” para resumir a sua chegada ao Lubango: “Em cada esquina, milhares de amigos”.
Foto em destaque ©Lusa
































