Estou envergonhado!
Enquanto português, estou irremediavelmente envergonhado com este incidente de Estado entre Portugal e o Brasil!
A situação gerada por Marcelo Rebelo de Sousa com o Presidente Jair Bolsonaro é no mínimo caricata, quaisquer que sejam os ângulos pelos quais façamos o difícil exercício de a tentar entender.
Numa suposta visita de Estado ao Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa comete um erro que esperemos, não saia caro às relações entre os dois países irmãos.
Ao alinhar numa lógica de pré-campanha de outro país – metendo-se na vida política de terceiros – um Chefe de Estado sujeita o seu próprio Povo a uma inversão naquilo que deverá ser a boa relação entre os dois Estados em causa, com todas as consequências práticas que daí podem advir.
A falta de sentido de Estado prejudica toda uma Nação e não apenas uma fação ou cor partidária.
Mais!
Quando está em causa a relação entre dois países como Portugal e Brasil, essa falta de sensatez põe em xeque a boa diplomacia que começou a ser construída logo após o “grito do Ipiranga” do Imperador D. Pedro I a 7 de setembro de 1822 e depois com o reconhecimento da independência do Brasil em 1825 por D. João VI.
Por mais que Marcelo Rebelo de Sousa tente mascarar a insólita situação que provocou, por mais que os arautos do Sistema tentem inverter os polos da situação, não é normal que um Chefe de Estado visite, meses antes de umas eleições presidenciais, o principal adversário político do seu homólogo, ainda que entre visitas a outros antigos Chefes de Estado.
A isso eu chamo participação ativa em pré-campanha alheia!
Façamos o exercício inverso:
Jair Bolsonaro vem a Portugal poucos meses antes das eleições presidenciais de 2021 e na sua agenda tem almoços com o General Ramalho Eanes, Aníbal Cavaco Silva e… imagine-se: André Ventura!
Que se diria por cá? Que pensaria e como reagiria Marcelo Rebelo de Sousa?…
Haja decoro e capacidade de análise!
Com todo o respeito que o Chefe de Estado de Portugal me merece pela representação que tem em mãos, que não tape os olhos aos portugueses com uma qualquer “desculpa esfarrapada”.
Portugal e Brasil merecem mais que isso.
Merecem um claro pedido de desculpa pelo sucedido, por esta – vou-lhe simpaticamente chamar de – irresponsável “gaffe” política e diplomática!
E não meus amigos, Jair Bolsonaro não teve uma atitude rude ao cancelar o almoço de Estado com Marcelo Rebelo de Sousa, mas sim a única atitude possível para manter a dignidade do país e do povo que legitimamente representa, ao contrário do que fez o Chefe de Estado português!
Ricardo Regalla Dias Pinto
Diretor de Relações Internacionais
Partido CHEGA!