Duarte Cordeiro avança que a Agência Portuguesa do Ambiente está a concluir um estudo de “reforço da resiliência” nas zonas do Médio Tejo, a ser colocado em consulta pública no mês de setembro. Além do transvase do rio Zêzere, uma nova barragem no rio Ocreza também está a ser ponderada para regularizar os caudais do Tejo.
O governo está a ponderar a criação de um transvase do Zêzere para o Tejo na zona da barragem do Cabril, embora a palavra não agrade ao Ministério do Ambiente, que prefere referir uma “ligação” entre os rios.
No ano passado, João Pedro Matos Fernandes (anterior ministro da pasta), já tinha admitido a possibilidade da construção de um túnel de 50 quilómetros entre a barragem de Cabril e Belver, para colocar mais água no rio Tejo, mas os planos nunca foram apresentados de forma detalhada publicamente.
O ministro Duarte Cordeiro anunciou agora à Agência Lusa que as propostas para resolver o problema de falta de água na região do Médio Tejo devem ser apresentadas “em breve”, todas “salvaguardando sempre a hierarquia dos usos, que é a salvaguarda da água para consumo humano”, e todas no sentido de libertar água para o rio Tejo, sempre que haja necessidade.
Nesta entrevista à Lusa, o ministro do Ambiente e da Ação Climática revelou que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) está a concluir um estudo de “reforço da resiliência” nas zonas do Médio Tejo, onde há habitualmente problemas de falta de água, o qual deve ser colocado em consulta pública no mês de setembro.
Em cima da mesa estão três opções: uma ligação entre o Zêzere e o Tejo na zona da barragem de Cabril, “aproveitando o final da concessão da barragem”, fazer no rio Ocreza uma nova barragem, ou uma “solução mista”.
A questão de uma nova barragem no rio Ocreza tem sido avançada pelo governo nos últimos anos, mas sem que se conheçam ainda os estudos prévios realizados pela APA. O anterior ministro também tinha defendido, no ano passado, a pertinência desta obra, em detrimento do projeto anteriormente pensado para a barragem do Alvito, embora essa seja uma obra reivindicada pelos autarcas, tendo as Comunidades Intermunicipais da Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Beira Baixa assinado um documento conjunto em setembro do ano passado, exigindo a sua construção célere.
O aproveitamento do Alvito, no rio Ocreza, no distrito de Castelo Branco, é objeto de estudos desde a década de 50, e em 2007 foi anunciada a construção de uma barragem, num investimento de 67 milhões de euros para uma capacidade instalada de 48 megawatts (MW), mas a obra não se concretizou.
Agora, o ministro diz ser importante ouvir autarcas, associações, e “todos os atores”.
“Queremos ser rápidos”, disse, acrescentando: “Diria que este ano é o ano em que se inicia a avaliação ambiental estratégica e o próximo ano já será de concretização de soluções e de início de procedimentos associados as opções que são tomadas”.
Numa entrevista focada na água, e a propósito da Conferência dos Oceanos da ONU, que começou esta segunda-feira em Lisboa, Duarte Cordeiro salientou por diversas vezes que os portugueses têm de aprender a viver com menos água, e deu como bom exemplo o aproveitamento das águas residuais, que no Algarve já representa um hectómetro de água, usada para regar campos de golfe e algumas culturas, havendo “a possibilidade de durante este ano” se duplicar o aproveitamento, para chegar a 2025 com oito hectómetros cúbicos de água residual
“O nosso objetivo é procurar chegar a 20%, até 2030, de utilização de água reutilizada para diferentes usos, que implica a agricultura, que é um grande consumidor de água”, a indústria e a utilização urbana, para lavagem de ruas por exemplo. “Há um espaço de crescimento muito grande para as águas de reutilização”, afiançou.
O aproveitamento das águas no Algarve faz parte do Plano de Eficiência Hídrica, que tem associado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) 200 milhões de euros. Além da reutilização de águas prevê, no essencial, a ligação do Pomarão a Odeleite e a construção de uma central de dessalinização, um projeto “com avisos a serem lançados”.
Duarte Cordeiro explicou que em fase final (este mês ou início de julho) está também o Plano de Eficiência Hídrica do Alentejo, o que, com o Algarve e o Médio Tejo, completa as três regiões onde o Governo quer, neste mandato, “projetos de natureza estrutural”.
MedioTejo.net/ Lusa
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