O momento atual está a condicionar a anunciada visita a Angola, na primavera, do primeiro-ministro português, António Costa.
O ministro da Defesa de Angola e candidato do MPLA, partido no Governo, às eleições gerais, general João Lourenço, quer “respeito” das autoridades portuguesas às “principais entidades do Estado angolano”, admitindo que as relações bilaterais estão agora “frias”.
O vice-presidente do MPLA e candidato a sucessor de José Eduardo dos Santos na Presidência da República, falava em Maputo, questionado pela imprensa angolana à margem de uma visita a Moçambique.
Sobre as relações com Portugal, após a constituição como arguido do vice-Presidente da República, Manuel Vicente, por corrupção ativa, numa investigação da Justiça portuguesa, João Lourenço acentuou o momento de desencontro entre os dois Estados.
“As relações estão, de alguma forma, frias, apenas frias. Estamos obrigados, os dois governos, a encontrar soluções para a situação que nos foi criada”, disse o ministro e dirigente do MPLA, em declarações ontem reproduzidas em Luanda.
“Nas relações entre Estados deve haver reciprocidade. Nós nunca tratamos mal as autoridades portuguesas e por esta razão exigimos, de igual forma, respeito pelas principais entidades do Estado angolano”, acrescentou.
Já na sexta-feira o chefe da diplomacia angolana tinha reiterado a necessidade de haver reciprocidade nas relações entre Angola e Portugal, com o tratamento igual às entidades políticas angolanas que é dado aos portugueses.
Georges Chikoti referia-se à publicação pela imprensa portuguesa de notícias sobre a acusação do Ministério Público português contra o vice-Presidente angolano.
O ministro das Relações Exteriores de Angola considerou Portugal um parceiro importante, mas as relações entre ambos os países “só podem ser boas se houver reciprocidade de tratamento de entidades políticas, de tratarem Angola como deve ser”.
Referiu que é preciso que haja a mesma reciprocidade de tratamento pela comunicação social, porque a angolana “não ataca nem dirigentes, nem outros países”.