Pelo menos 11 mil pessoas já chegaram a Pemba, capital da província, após terroristas terem atacado a cidade de Palma, no norte do país, em 24 de março.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, informou que espera receber milhares de pessoas que fogem da violência na cidade de Palma, no norte de Moçambique.
Milhares de pessoas continuam fugindo somente com a roupa do corpo; voos humanitários, que evacuaram centenas, estão suspensos à espera de autorização. Em 24 de março, a cidade da província de Cabo Delgado foi atacada por extremistas islâmicos causando a fuga de milhares de pessoas.
Segundo o Acnur, pelo menos 11 mil moçambicanos já chegaram a Pemba, capital da província, em busca de abrigo. Milhares devem chegar nos próximos dias. Muitos fizeram o percurso a pé ou por barcos. A maioria são mulheres e crianças. Além de Pemba, as outras cidades de abrigo são Nangade, Mueda e Montepuez. Alguns voos humanitários, que evacuaram centenas de moçambicanos, foram suspensos à espera de autorização
A agência da ONU informou também que as suas equipas em Pemba receberam relatos preocupantes que mais de mil pessoas que fugiram de Moçambique tentando entrar no país vizinho, Tanzânia, e que não foram permitidos.
O Acnur disse que está a acompanhar estes relatos na Tanzânia e pediu aos vizinhos de Moçambique que abram as suas fronteiras àqueles que estão buscando asilo para escapar da violência.
Os confrontos em Cabo Delgado começaram em 2017 e já deslocaram mais de 700 mil pessoas. Grupos armados não-estatais e extremistas islâmicos invadiram a área, no norte de Moçambique, onde funcionam instalações de gás natural.
Para o Acnur, se nada for feito, o número de refugiados pode atingir 1 milhão em junho, caso a violência não pare.
A maioria dos civis demonstra sinais de trauma severo após testemunhar atrocidades cometidas contra os seus próprios parentes. Há relatos de decapitações e outros crimes violentos. Várias crianças desacompanhadas e famílias separadas estão chegando a Pemba assim como idosos.
Apelo
Quase 80% dos indivíduos que chegam separados são mulheres e crianças. O Acnur está a ajudar no treino de pessoal de entidades parceiras para proteger esses civis de violência de gênero e exploração sexual.
A escalada da violência em Cabo Delgado causou sérios danos à saúde, ao fornecimento de água e abrigo, assim como acesso aos alimentos na região. A crise de Covid-19 só veio agravar a situação.
A agência disse que precisa de mais recursos para a reposta humanitária. O apelo de US$ 19,2 milhões só foi atendido até agora em 40%.