A preparar, desde 2017, no âmbito de uma renovação que originalmente estava prevista abrir ao público ainda este ano, a comunidade será a primeira a merecer destaque entre várias exposições temáticas rotativas. “O lançamento da exposição foi adiado por causa da covid-19”, afirmou, o investigador Francisco da Roza. “Estamos a trabalhar para um lançamento previsto, de forma provisória, para meados do próximo ano”, acrescentou.
Num folheto sobre uma campanha de recolha de artefatos, documentos e fotografias para a exposição, o museu afirma querer “trazer para a ribalta a excecional história da comunidade portuguesa em Hong Kong”. O museu destaca ainda “a pitoresca diversidade” dos lusodescendentes, incluindo as tradições religiosas católicas, a gastronomia de fusão e o patuá, uma língua crioula de base portuguesa, em risco de extinção.
Os macaenses e membros da então numerosa comunidade portuguesa em Xangai, no leste da China, começaram a chegar logo depois da fundação da colónia britânica, em 1841, sublinha o museu. Durante os primeiros anos do território, a comunidade eurasiática “aproveitou o talento para as línguas e o estatuto único de ‘nem chinês nem ocidental’ para servir de ponte entre os mercadores e funcionários do governo britânico e os chineses”, indica.
Os lusodescendentes “prosperaram em várias indústrias”, lembra o museu, como a impressão, a farmacêutica e a advocacia. A comunidade deu também “o seu contributo ao desenvolvimento urbano de Hong Kong”. O empresário Francisco Soares foi o principal promotor, na década de 1920, do desenvolvimento da zona de Ho Man Tin, onde ainda existe a Avenida Soares.
Entre as instituições da comunidade que ainda sobrevivem na região administrativa especial chinesa, contam-se o Clube de Recreio e o Clube Lusitano.