“Portugal tem sol, tem vento e tem rios”. Foi assim que o secretário de Estado da Internacionalização do país descreveu as características naturais e ideais para futuras parcerias nas economias verde e azul com a nação europeia.
Segundo Bernardo Ivo Cruz, praticamente toda a eletricidade consumida em Portugal, uma taxa de 80%, vem de fontes renováveis, uma aposta que o país já faz há 30 anos, desde que percebeu a urgência de ações para mitigar a mudança climática.
Cabos de dados e hidrogénio verde
Na semana passada, o secretário de Estado concedeu uma entrevista à ONU News para encerrar uma semana de trabalhos em Nova Iorque. Bernardo Ivo Cruz explicou que a aposta de seu país nas economias verde e azul já está rendendo dividendos.
“Portugal começou há 30 anos. E, hoje em dia, já temos cerca de 80% da nossa produção elétrica com base em energias renováveis e, portanto, praticamente tudo o que consumimos em eletricidade vem de energias renováveis. Estamos investindo em hidrogênio verde, que é hidrogênio gerado a partir de energia renovável, estamos ligando os data center e trazendo também essa nova economia de informação e dos dados para Portugal. Portugal é dos poucos países do mundo que está ligado por cabos de dados, praticamente, a todos os continentes. A nossa ligação com a América do Sul vai de Sines a Fortaleza. E, portanto, Portugal está muito bem-posicionado nesta nova economia.”
O cabo submarino, que também possui cabos de fibra ótica, é o primeiro ligar a Europa à América do Sul e mede 6 mil km. Foi instalado pela empresa Ella Link e o objetivo é gerar conectividade a outras empresas de telecomunicações na Europa e nas Américas.
Pacto Global e empresas portuguesas
Na sede da ONU, em Nova Iorque, o secretário de Estado Bernardo Ivo Cruz também se reuniu com representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, e do Pacto Global, que coordena a participação de empresas do setor privado na cooperação com as Nações Unidas.
“Trabalhamos com as grandes empresas, com as corporations, mas estamos também a trabalhar com as PMEs, (as pequenas e médias empresas) porque 80% do tecido empresarial português são PMEs. E, portanto, é aí que nós temos que fazer mais um esforço porque as PMEs também têm que acompanhar essas exigências do desenvolvimento sustentável, mas nós percebemos que há mais dificuldade, há mais esforço a fazer.”
O secretário de Estado afirma que Portugal quer levar, cada vez mais, pequenas e médias empresas para um esforço coletivo que garantirá lucros para o comércio e para a implementação da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável.
Bernardo Ivo Cruz acredita na participação do setor privado e de órgãos internacionais como o Banco Mundial para a realização da parceria.
No ano passado, Portugal abrigou a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas promovendo ação climática e a economia azul.