O substituto do secretário de Estado do Vaticano afirmou hoje que a Igreja vai procurar aumentar, dentro das possibilidades, as ações de apoio social que está a levar a cabo em Timor-Leste, no intuito de ajudar no desenvolvimento do país.
“As pessoas que acreditam, temos dois pilares na vida: um é a fé, acreditar em Deus, que é um motor da nossa vida, mas há outro pilar importante que é a ação, fazer o bem. Uma fé sem obras é uma fé morta”, disse à Lusa o arcebispo Edgar Peña Parra que iniciou hoje uma visita a Díli.
“Neste país, que precisa de tanta ajuda, em que todos estamos a trabalhar para apoiar juntos, é importante o que a igreja está a fazer. Vamos continuar o que estamos a fazer, e na medida das possibilidades queremos aumentar isso”, explicou.
O número três do Vaticano falou depois de participar na Presidência da República na cerimónia de lançamento do “Centro pela Fraternidade Humana Timor-Leste em prol da Paz Mundial”, que nasce tendo como base o “Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência Comum”, conhecida como a Declaração de Abu Dhabi, assinada em 2019 pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb.
Ainda sem confirmar datas, o arcebispo reiterou a vontade do Papa Francisco visitar Timor-Leste no próximo ano, uma visita que já chegou a ser prevista em 2020 e que foi adiada devido à pandemia da covid-19.
“O Santo Padre tem um desejo muito grande vir a Timor-Leste. Ainda não organizamos as viagens para o próximo ano, mas Timor-Leste é um dos países que convidou o Santo Padre e vamos ver como se pode organizar a agenda para o próximo ano”, disse, recordando o impacto da visita do papa João Paulo II a Timor-Leste a 12 de outubro de 1989.
Edgar Peña Parra destacou a forte presença do catolicismo em Timor-Leste, mas referiu-se ainda à vocação do país pelo diálogo e a fraternidade.
“Timor-Leste tem 96% ou 97% por cento católicos. É um aspeto que apreciamos muito, mas depois apreciamos também a vocação do povo que é uma vocação a diálogo, à fraternidade e à paz e à construção de um país melhor”; disse.
“Os sinais que o Santo Padre tem dado, e especialmente nos últimos tempos, com a nomeação do primeiro cardeal de Timor-Leste, são um gesto pela pessoa, mas também pelo país, pelos cidadãos, pela Igreja e pelos esforços de construir um país”, disse.
A cerimónia de hoje contou com a presença de líderes de várias confissões religiosas em Timor-Leste e com as principais individualidades do país, incluindo o Presidente da República, José Ramos-Horta e o recém-empossado cardeal Carmo da Silva.
Na terça-feira está previsto um simpósio académico sobre a Declaração de Abu Dhabi, que foi adotada este ano como “Documento Nacional” no Parlamento Nacional timorense, antes da inauguração da nova sede da Nunciatura Apostólica em Díli, construída ao lado da histórica Igreja de Motael.
O número três do Vaticano tem previsto ainda visitas ao centro de assistência a crianças pobres das Irmãs Canossianas de Balide, ao Seminário Interdiocesano São Pedro e São Paulo e Fatumeta, ao Cemitério de Santa Cruz e ao Arquivo Museu da Resistência Timorense, e encontros previstos com o primeiro-ministro e o presidente do Parlamento.