Um artigo de opinião titulado ‘Governo a pairar’ e assinado por Joaquim Jorge, biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e do Matosinhos Independente.
“Se o Governo nos trata como meninos e nos diz tudo o que temos que fazer, que o façam bem, porque o excesso de otimismo é deprimente. António Costa e Marta Temido falam com calma e humildade, mas as suas intervenções estão carregadas de pressa e um triunfalismo balofo.
Estamos perto de eleições presidenciais que são um engulho para o PS, a seguir, eleições autárquicas que são a base para uma vitória nas próximas legislativas.
Ter uma vacina é importante, mas é necessário não embandeirar em arco e ter todas as precauções, vamos ter milhões de vacinas, mas não nos precipitemos.
Não sejamos ingénuos. No princípio, a Covid-19 não era nada de especial, não havia perigo de transmissão, era um vírus asiático, etc. Como sabemos a seguir veio a tragédia. A vacina não é a solução de tudo, errar é humano, mas cair no mesmo erro é diabólico.
O Governo quer dar boas notícias e acalmar as pessoas, mas já aprendi com a experiência, não vou ser ingénuo só acredito na derrota do vírus e o controlo da pandemia quando vir efetivamente resultados.
António Costa e os responsáveis da saúde atuam como se fossem nossos pais, querem proteger os seus filhos (portugueses) evitar que tenham medo, para isso ocultam e manipulam informação, dão-nos uma falsa sensação de segurança. Estão sempre a dizer-nos que as coisas vão ficar bem, mas não nos preparam para o futuro.
Na política sempre se ocultou a verdade e não cumpriu promessas feitas. Isto é, os votantes sentem-se enganados e ludibriados. Porém, chego à conclusão de que os votantes não querem saber disso para nada, basta ver as sondagens.
O que antigamente causava repúdio e escândalo, agora, premeia-se a manipulação, o tergiversar, a perversão, o abuso, as péssimas práticas, em que alguma imprensa dá cobertura.
É preciso dizer, alto e bom som, que as coisas não correram bem e não nos preparámos para este inverno devidamente. Falhas clamorosas no SNS, não houve uma política de saúde adequada para o controlo do vírus, rastreio correto, mais recursos, mais planificação para cuidados primários.
Para quem está no poder nesta altura não é fácil, mas o aproveitamento do Governo e de algumas Câmaras é demais. Outra forma de pensar, ou outra forma de resolver os problemas não são admitidos. Até parece, que quem não pensa como quem está no poder aumenta o contágio!
A pandemia favorece quem está no poder e o poder aproveita-se desta pandemia. O medo é tanto que nem se pensa”.